Título: Evo Morales confirma presença no encontro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2006, Economia & Negócios, p. B9

Presidente boliviano vai pedir que BID perdoe a dívida do país, como fez o Banco Mundial

O presidente da Bolívia, Evo Morales, vai participar da 47ª Assembléia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que começa ofcialmente amanhã em Belo Horizonte, informou o governo na sexta-feira à noite.

O governante boliviano deve deixar o país hoje para estar presente na reunião da organização hoje, disse à agência de notícias EFE o porta-voz presidencial boliviano, Alex Contreras.

Durante sua estada em Belo Horizonte, Evo vai se reunir com executivos do BID e com membros do governo brasileiro, declarou o porta-voz.

O governo boliviano vai defender durante o encontro da entidade financeira internacional seu pedido de perdão da dívida do país, que chega a US$ 1,622 bilhão.

Evo expressou na sexta-feira sua confiança em que o BID siga os passos do Banco Mundial (Bird), que na semana passada aprovou o perdão de US$ 37 bilhões da dívida de vários países da América e da África, entre eles a Bolívia.

Além disso, o presidente boliviano aproveitará sua ida ao Brasil para discutir com o overno a situação da Petrobrás (ler mais sobre a crise entre a estatal e o governo bolivianos na B6).

Contreras admitiu que ficou preocupado com o anúncio do presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli, de que deterá novos investimentos na Bolívia enquanto estiverem suspensas as negociações com o governo de Evo Morales.

"É claro que estamos preocupados, mas queremos uma informação oficial e que eles recebam de nós uma informação oficial" sobre as normas que serão aplicadas para modificar os contratos das petrolíferas na Bolívia, declarou Contreras.

O líder boliviano pretende explicar às autoridades brasileiras os alcances da nova Lei de Hidrocarbonetos e a intenção de nacionalizar, sem expropriar, as reservas de gás natural e de petróleo do país.

O porta-voz presidencial afirmou que a relação entre Bolívia e Brasil é "muito importante e será analisada com representantes do governo brasileiro".

"Como se trata de uma reunião do mais alto nível, entendemos que até segunda-feira poderemos solucionar este impasse", disse Contreras.

Segundo o porta-voz, Morales deve abordar em suas conversas um plano para que a Petrobrás aceite uma alta no preço que paga pelo gás natural.

Atualmente, o Brasil paga à Bolívia US$ 3,4 por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica).

Horas antes, o representante da Petrobrás na Bolívia, José Fernando de Freitas, disse que a empresa não deseja abandonar o país, mas pediu ao overno boliviano regras claras e transparentes" para o setor.