Título: Mantega nega declarações divulgadas por empresário sobre taxa de câmbio
Autor: Adriana Fernandes , Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a tendência é de estabilização da taxa de câmbio com o aumento das importações e a queda da taxa de juros. Apesar de afirmar que é "ruim" o ministro da Fazenda fazer comentários sobre câmbio, Mantega disse que o governo não tem a prerrogativa de interferir no nível da taxa, pois o regime cambial é flutuante. "O que podemos fazer em algum momento é o Banco Central (BC) comprar reservas. Isso ele está fazendo e continuará fazendo, mas dependemos mais é do fluxo de dólares e da taxa de juros."

Mantega negou declarações a ele atribuídas anteontem pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello. Após audiência com o ministro, na terça-feira, Mello, em entrevista gravada pelo Estado, atribuiu a Mantega a seguinte declaração: "Ele (Mantega) tem a sensação de que devemos ser otimistas em relação ao câmbio. O fundo do poço já foi alcançado e já há sinais que indicam que, certamente, alguma revalorização do dólar deverá ocorrer". Mello chegou a dizer que o secretário-executivo do ministério, Bernard Appy, fizera igual avaliação.

Questionado, Mantega afirmou que não poderia ter feito tais declarações, porque o Brasil vive hoje um regime de câmbio flutuante. "É um regime bom, e não deve ser mudado. Ele flutua ao sabor de vários fatores, como o superávit comercial e a entrada de dólares no País." O dirigente da Abimaq enviou ontem carta ao ministro afirmando que não tinha dito o que disse e que a reportagem do Estado estava equivocada.

O ministro da Fazenda reiterou que o mercado é quem vai dizer qual o nível em que vai ficar a taxa de câmbio: "Acredito que, com o aumento das importações e a queda dos juros, a tendência é que o câmbio esteja mais estável". E enfatizou que pode haver aumento das importações por causa da aceleração da atividade econômica.