Título: Rotas para o exterior, o grande atrativo
Autor: Vânia Cristino, Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,3,4,5

Empresas estrangeiras que operam aqui querem assumir essas linhas

Empresas aéreas estrangeiras que voam para o Brasil já começam a discutir a possibilidade de aumentar o número de vôos internacionais para o País, assumindo rotas que ficariam vagas com uma possível paralisação da Varig.

Segundo uma fonte do governo, essas companhias poderiam assumir as linhas em 15 ou 20 dias, no máximo, a partir da suposta quebra.

Na América do Sul, a participação da Varig será mais facilmente distribuída entre as brasileiras TAM e Gol, que têm expandido as operações para países vizinhos.

Já no mercado doméstico, a divisão dos "slots" (permissão de horários de decolagem) da Varig deve ser feita mais rapidamente que no meio internacional. "Em questão de três dias estaria tudo nas mãos de outras empresas", afirma a fonte.

A Star Alliance, aliança internacional de empresas aéreas da qual a Varig é uma das fundadoras, já se organiza para evitar a frustração dos passageiros, garantindo a viagem programada.

A alemã Lufthansa, a americana United Airlines e a portuguesa TAP, membros da aliança, estão entre as companhias mais mobilizadas no momento, inclusive para garantir as passagens de aproximadamente 20 mil pacotes turísticos para a Copa do Mundo da Alemanha, que começa em junho. Esses pacotes previam o transporte em aviões da empresa brasileira.

Oficialmente, as empresas estrangeiras não comentam o caso.

O maior patrimônio da Varig hoje são justamente suas freqüências internacionais, especialmente os vôos intercontinentais.

DIFICULDADE Nenhuma empresa aérea brasileira tem condições de assumir todos os vôos ligando o Brasil a outros continentes.

Conforme explicou a fonte, as empresas de países que já têm acordo bilateral com o Brasil estão ávidas para tomar os espaços, pois a tendência é que a falta da Varig leve a um aumento repentino na demanda.

As negociações sobre a entrega de rotas internacionais a outras companhias envolvem a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Itamaraty e a Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional (Cernai), órgão da Aeronáutica.

A Cernai é que determina, junto com o Ministério das Relações Exteriores, a disponibilidade de freqüências internacionais.

Levando-se em conta somente as empresas com bandeira brasileira - com base nos dados divulgados mensalmente pelo DAC -, a Varig tinha em março participação de 69% nos vôos internacionais. Porém, contando a participação das companhias estrangeiras, o "market share" da empresa atualmente é incerto, porque ela vem reduzindo as operações.

Segundo dados da consultoria Bain & Company, a Varig tinha em 2005 16,4% do mercado de viagens para os Estados Unidos, 22% para Portugal, 58% para a Alemanha e 44% para a Argentina.