Título: Economia está imune à eleição, diz Mantega
Autor: Tonica Chagas
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que "os sociólogos e os politicólogos vão ter de montar novas teorias" a partir das eleições deste ano no Brasil, porque o País "terá uma tranqüilidade inédita em matéria de economia". Em palestra feita em bom português para cerca de 300 investidores, economistas chefes de bancos que operam no Brasil e empresários, reunidos durante o almoço do 2006 Brazil Summit, promovido ontem pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York, Mantega afirmou que a economia brasileira nunca esteve tão sólida e imune às turbulências de ano eleitoral.

"Aquela fuga de capitais que normalmente ocorre não vai haver, porque não há razão de fugir", disse o ministro. "Fugir para onde? Você quer melhor lugar para ter aplicações de capital?" O que garante a estabilidade da economia este ano, segundo ele, é a solidez da economia brasileira. Mantega desafiou qualquer economista a encontrar outro momento na história econômica do Brasil em que houvesse, ao mesmo tempo, crescimento econômico de 4%, dívida pública sob controle com redução da relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB), melhoria das contas externas, inflação e endividamento externo totalmente sob controle. "Tudo isso e ainda com crescimento", salientou.

Segundo o ministro, o pré-teste dessa imunidade foi visto quanto estouraram os escândalos políticos no ano passado, em que a economia não foi afetada. A confiança na estrutura do setor que ele passou a comandar há poucas semanas o levou a prever a continuidade do crescimento do PIB na média dos 5%"durante cinco, seis, oito, dez anos consecutivos", independentemente de quem seja o próximo ocupante do Palácio do Planalto .

Mantega foi o orador principal no grupo formado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pelo secretário do Tesouro, Carlos Kawall Leal Ferreira, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Em sua palestra, o ministro da Fazenda enfatizou o mesmo otimismo das mensagens dos representantes da equipe econômica que falaram pela manhã, numa exposição em inglês. A recepção da platéia foi boa.

Mas no final, um investidor americano quis saber: "Com tal visão positiva do futuro do Brasil, qual será o futuro das taxas de juro?". Mantega respondeu que, pelo panorama da dívida pública brasileira, pela condição das contas fiscais e sobretudo pelo controle da inflação, a tendência é que haja redução das taxas. "A tendência é que os juros sejam declinantes no médio e longo prazos. Os de longo prazo já estão menores do que os de curto prazo, o que leva a supor que haverá uma tendência declinante."

A grande preocupação internacional com a alta do petróleo foi a deixa, tanto para Mantega como para Roberto Rodrigues, para exibir o Brasil como líder de um movimento em direção a uma nova matriz energética. "A produção e o consumo do etanol podem exercer efeito positivo para a maioria dos países", disse Mantega.