Título: Defesa de Duda só não aceita acusação de lavagem de dinheiro
Autor: Mariana Caetano , Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2006, Nacional, p. A6

A outra denúncia, conta ilegal no exterior, foi admitida na CPI, diz advogado

A denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra os envolvidos no mensalão não causou nenhuma surpresa a Duda Mendonça, conforme garantiu ontem, na capital baiana, o advogado do publicitário, Tales Castelo Branco.

"Já era esperado, pois se trata de conseqüência inevitável da própria confissão que ele havia feito na CPI dos Correios", disse Castelo Branco, acrescentando que o cliente recebeu a notícia "com naturalidade".

Duda foi acusado por Souza de lavagem de dinheiro e de manter conta no exterior sem declarar à Receita Federal.

"No momento oportuno, vamos demonstrar que não houve lavagem de dinheiro e aí haverá a necessidade de se fazer uma defesa técnica perante o Supremo Tribunal Federal (STF). E então ele vai se defender, vai explicar direitinho como as coisas ocorreram", declarou o advogado, que está preparando a defesa preliminar requerida pelo Supremo, a ser encaminhada num prazo de 15 dias.

Com escritório na capital paulista, Castelo Branco disse que vai aproveitar o feriado da Semana Santa para estudar a peça de acusação numa praia da Bahia. "Esse sol vai me ajudar", brincou. Ele informou que Duda viajou para uma fazenda de sua propriedade, no Pará.

O advogado não tem dúvida de que o STF vai acatar a denúncia, "pois isso é praxe", e aproveitou para elogiar o trabalho do procurador Souza, qualificado de "criterioso" pelo fato de ter separado o publicitário "de toda a organização criminosa aludida na denúncia".

"Ele (Duda) não foi denunciado por formação de quadrilha, só por manter conta no exterior sem o preenchimento de exigências legais e acusado de lavagem de dinheiro", explicou Castelo Branco. Ele admite que a acusação de manter conta no exterior é correta, mas questionará a de lavagem de dinheiro.

"Duda recebeu dinheiro do seu trabalho no exterior por ter sido uma condição imposta (pelo empresário Marcos Valério) e ele aceitou, já tendo regularizado a situação com o fisco, pagando o tributo", destacou.

O advogado contestou os valores mencionados na peça de Souza, de que Duda e sua sócia, Zilmar Fernandes, teriam lucro entre R$ 17 milhões e R$ 28 milhões nos contratos com o PT. "Está havendo um erro de cálculo, de aritmética. Alguma coisa induziu ao erro. Mas é um erro material, de fácil correção", afirmou. Castelo Branco sustenta que seu cliente movimentou R$ 10,5 milhões no exterior e, por isso, não mentiu na CPI, como afirma o procurador na denúncia.