Título: Tarso visita oposição e pede diálogo político
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2006, Nacional, p. A5

Ministro procura Agripino e Virgílio; tucano diz que não haverá trégua

No momento em que a oposição volta a falar em impeachment e um dia após a divulgação de denúncia acusando o PT de atuar como quadrilha organizada, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, bateu às portas de PSDB e PFL para propor "um laço de diálogo político". Ontem, o ministro visitou o gabinete no Congresso de líderes dos dois maiores partidos de oposição.

"É um ato de reconhecimento da importância da oposição e também de abertura de um canal permanente de relacionamento", afirmou Tarso ao deixar o gabinete do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), que tem sido há tempos um dos mais severos críticos do governo. "Será um diálogo sem concessões de parte a parte, um diálogo político, que vai fortalecer a democracia", disse o ministro.

Depois do encontro , Virgílio afirmou que Tarso "propôs um canal permanente de diálogo". "É um ato louvável dele nos visitar", disse Virgílio. Mas o senador amazonense não amaciou. "Não haverá trégua, nenhuma trégua", comentou, ao fim da conversa, quando o ministro já se dirigia para o gabinete do líder do PFL, José Agripino Maia (RN), a cerca de 400 metros dali. "O ministro Tarso Genro é uma pessoa de categoria. Acrescenta equilíbrio ao governo", avaliou Virgílio.

Com Agripino ocorreu conversa muito parecida. De acordo com relato do ministro e do líder, falou-se da possibilidade de diálogo entre governo e oposição, sem que um lado tente convencer o outro a recuar de seus princípios políticos. "É preciso desarmar os espíritos".

Tarso, que deixou o Ministério da Educação, no ano passado, para dirigir o PT logo depois da queda de toda a direção do partido, explicou depois das duas reuniões que conversou ainda com os líderes oposicionistas sobre três diferentes assuntos: a governabilidade, a edição de uma medida provisória sobre orçamento, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assinar em breve, e sobre alguns importantes projetos que estão parados no Congresso. O mais importante deles é o que cria o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico, o Fundeb, e provê recursos para seu funcionamento.

O ministro comentou ainda as manifestações sobre a possibilidade de impeachment do presidente. Disse que é um direito da oposição. Acrescentou, no entanto, que a seu ver nada há no relatório do procurador-geral da República que atinja o presidente Lula ou mesmo o PT, como partido. "São indivíduos que estão sendo processados. Eles terão a oportunidade de se defender. Quem for julgado culpado que pague". O ministro lembrou ainda que a Procuradoria-Geral da República é independente e foi Lula quem escolheu e nomeou o atual procurador.