Título: `Tomada da válvula¿ é ameaça
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Líderes dos comitês cívicos negociam com o governo uma saída, ameaçando iniciar uma greve que pode chegar até mesmo ao fornecimento de gás. Eles não gostam de falar sobre o assunto, mas as válvulas que controlam o fluxo de gás do subsolo boliviano para os mercados da América do Sul são potenciais alvos num ¿paro cívico¿ de grandes proporções.

No atual momento, não são apenas as mudanças regulatórias que afligem as companhias petroleiras que exploram o gás natural.

Grandes mobilizações sociais, tradicionais no país, são sempre uma ameaça ao abastecimento normal de gás. O Brasil, por exemplo, tem um contrato para receber até 30 milhões de m³ de gás por dia da Bolívia. É o limite do Gasbol. Hoje, são bombeados para o País cerca de 25 milhões m³/dia. Esse volume garante o abastecimento de toda a Região Centro- Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Do gás consumido no Brasil, metade é boliviana.

Edil Gericke, presidente do Comitê Cívico de Puerto Suárez, um dos principais líderes da província de Germán Busch, disse que a "tomada da válvula" faz parte de uma ação estratégica dos comitês. Gericke diz, entretanto, que a decisão sobre a adoção deste recurso de pressão contra o governo é um recurso "extremo".

A ¿tomada da válvula¿ também não é uma operação simples. Exige grande mobilização social, mas, segundo Gericke, o Exército monitora qualquer movimento. ¿Há um serviço de inteligência do governo atento a qualquer iniciativa para se tomar a válvula¿, garantiu.