Título: China pressiona preços de minério
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Economia & Negócios, p. B12

A demanda chinesa por minério de ferro em março subiu 28% ante igual mês no ano passado, uma alta recorde, segundo o presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Roger Agnelli. Para o executivo, esse crescimento só confirma a forte demanda pelo produto no mercado mundial. Na avaliação do executivo, a procura expressiva pelo minério também justificaria os aumentos no preço do item a cada ano. ¿A demanda continua muito forte e a tendência é de subida de preços. Ela é natural, não tem muito o que discutir¿, disse.

Durante evento, ontem, no Rio de Janeiro, em que foi escolhido como personalidade do ano pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP), Agnelli falou sobre as recentes negociações com as siderúrgicas chinesas para o reajuste no preço de minério de ferro este ano ¿ ainda não concluídas. A Vale teria proposto um reajuste de 24% no preço do minério, nível ainda não completamente aceito pelas empresas chinesas. ¿Achamos que os 24% que colocamos na mesa é um número que, definitivamente, tem consistência, tem justificativa¿, afirmou. Em 2005, o reajuste no preço do minério foi de 71,5%.

Durante o evento, o executivo rebateu os comentários de que as negociações para o reajuste do preço do minério estariam mais difíceis que nos anos anteriores. Para ele, as conversações estão ocorrendo com tranqüilidade e num ritmo normal. ¿No ano de 2001, por exemplo, fechamos o preço em maio¿, justificou, afirmando que o fato de não se ter uma decisão sobre o assunto, até agora, não é motivo para preocupação.

Quando questionado se já havia recebido alguma contraproposta, por parte dos chineses, sobre o reajuste no preço do minério, o executivo comentou: ¿As coisas (as conversações) estão andando com naturalidade. (Eles) Estão discutindo entre si. São muitas usinas. Até chegarem a um consenso, demora um pouco.¿ O presidente da Vale ressaltou a intenção de cumprir a determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e diminuir seu poder acionário dentro da ferrovia MRS Logística. No início de abril, a agência informou que a Vale teria de vender ações da ferrovia ou diminuir seu poder na empresa.

O edital de privatização da malha ferroviária não permite que nenhum acionista tenha mais que 20% das ações com direito a voto, mas a Vale superou esse limite ao comprar as mineradoras Ferteco e Caemi ¿ que tinham participação na MRS.

Segundo Agnelli, uma das mais prováveis soluções é que a Vale desista de um dos dois poderes de veto aos quais tem direito ¿Não há por que ter dois vetos¿, afirmou, ressaltando que o que realmente preocupa a Vale é manter a ferrovia operando bem. ¿Nós somos o maior usuário da MRS. Para nós, o importante é que ela (MRS) ande bem, opere bem e cresça¿, disse.