Título: Das drogas à universidade. No meio, a vida na Febem
Autor: Luciana Garbin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Metrópole, p. C6

A questão é o sogro. Por causa dele, Eduardo, de 21 anos, pede para usar nome fictício. "Ele foi cobrador de ônibus, tem ódio de ladrão." O motivo de sua internação de dois anos e 11 meses - duplo homicídio e ocultação de cadáver, entre 2001 e 2004, que ele jura não ter cometido - daria calafrios no pai da esposa. Órfão de pai e mãe, Eduardo foi criado numa família ligada ao crime. "Meus padrastos foram assaltantes de banco e ladrões e aos 7 anos perdi meu pai, também envolvido no crime", lembra. Aos 11, começou a usar drogas e para o tráfico foi um pulo. Na sexta série, conseguiu bolsa de estudos, mas a mãe morreu e ele se revoltou de vez. Seus irmãos também se envolveram no crime.

Hoje, Eduardo cursa Letras na Unip, trabalha numa diretoria de ensino, mora em casa própria. "A Febem me propiciou coisas importantes. Completei meus estudos, saía pra fazer cursinho da Poli." Lá, ele montou com mais quatro internos o grupo Despertar e Agir, para falar sobre envolvimento com drogas e no crime. Decidiu também abandonar de vez o crime. Entre suas metas, estão manter a bolsa conseguida pelo ex-secretário Gabriel Chalita e contar tudo ao sogro, que é para ele como um pai.