Título: 'Parecia que eu era um terrorista'
Autor: Luciana Garbin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Metrópole, p. C6

Logo após sair da Febem, em 1996, Silvano Azevedo, de 29 anos, lembra de ter viajado a Bragança Paulista. E de um tio comentar com conhecidos que ele havia passado pela instituição. A reação das pessoas o assustou. "Vixe, os caras ficaram em choque. Parecia que eu era um monstro, um terrorista." O fato lhe deu idéia do peso do estigma que viria pela frente.

"A oportunidade já é pouca. Para quem passou pelo sistema, fica ainda pior." Para deixar o crime, ele trabalhou de engraxate, vendedor de doce, flanelinha. Hoje, faz bicos de vigilante. "Estamos aí, na expectativa de um futuro melhor", diz, otimista. Para ele e os dois filhos, que ele cuida para que estudem e não fiquem na rua. "Não quero pra eles o que passei."