Título: Procuradores fazem pressão
Autor: Renata Veríssimo, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

Eles querem nome da área para procuradoria da Fazenda

Uma pilha com 54 cartas pedindo ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não nomeie para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) "um dirigente sem vínculos" com a instituição foi protocolada ontem no Ministério da Fazenda. Elas foram assinadas pelos chefes da Procuradoria em cada Estado (exceto o da Paraíba, que estava viajando), pelos procuradores-gerais adjuntos, pelos 11 coordenadores de área, pelos procuradores junto aos Tribunais Regionais Federais e pelos chefes de várias divisões seccionais da PGFN.

Esse foi o mais novo round da crise que ameaça o Ministério da Fazenda. Os procuradores signatários das cartas são contra a nomeação de Luís Inácio Lucena Adams para chefiar a PGFN. O próprio Adams confirmou anteontem ao Estado que havia sido sondado por Mantega para assumir o posto.

"Sem embargo da inafastável prerrogativa do Ministro da Fazenda de escolher livremente todos os seu auxiliares, apelamos à sua sensibilidade no sentido de que tal escolha não sirva para estimular uma crise desnecessária na instituição", diz o texto das cartas, às quais o Estado teve acesso. O texto se repete nas 54 cartas e não cita o nome de Adams. Os procuradores esclarecem que não se trata de um movimento para manter a atual cúpula da PGFN, mas "em defesa da escolha de dirigentes que tenham efetivo compromisso com os valores sobre os quais se edificam a instituição".

Mantega, porém, classificou a movimentação dos procuradores como "barulho em torno de algo inexistente". Questionado se havia convidado Adams para chefiar a PGFN, ele afirmou: "Não convidei. Estou conversando com ele porque ele é secretário-executivo adjunto do Ministério do Planejamento, assim como tenho conversado com outras pessoas". Ao ser lembrado que Adams estivera minutos antes no Ministério da Fazenda, Mantega ironizou: "Se vocês olharem as pessoas que passarem por aqui, vão dizer que o Delfim Netto é o próximo secretário de Política Econômica". O deputado e ex-ministro também esteve com Mantega.

O ministro disse que "está pensando" sobre quem nomeará para a PGFN. No caso da Receita, porém, a questão parece estar resolvida. Ao ser perguntado se o atual titular, Jorge Rachid, vai continuar, Mantega respondeu: "Provavelmente ele fica". Fontes haviam antecipado ao Estado, na sexta-feira, que Rachid foi convidado a permanecer no posto e aceitou. Outro integrante da equipe que deverá permanecer no cargo é o secretário de Assuntos Internacionais, Luiz Awazu Pereira da Silva.

Mantega já avisou aos assessores que não anunciará nomes antes de amanhã, pois alguns secretários estão fora de Brasília e ele quer a equipe completa para anunciar os nomes.