Título: Para FMI, o nível atual de reservas é confortável
Autor: Renata Veríssimo, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

A economia brasileira está forte e tem um nível de reservas internacionais "muito confortável". O recado otimista foi dado ontem pelo diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anoop Singh, em visita ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. "O Brasil vive um momento de força econômica. Os indicadores estão fortes."

Singh informou que discutiu com Mantega os fundamentos da economia e ambos concordaram que eles "claramente terão continuidade". Questionado se haveria preocupação do Fundo quanto ao balanço de pagamentos brasileiro diante de uma crise internacional, respondeu: "Eu diria que não. O Brasil tem inflação em queda, economia em crescimento e um nível de reservas muito confortável".

Essa avaliação contrasta com declarações do vice-diretor da instituição Agustin Carstens. Na reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Belo Horizonte, segunda-feira, Carstens avaliou que o total das reservas internacionais brasileiras, cerca de US$ 61 bilhões, é pouco para fazer frente a uma eventual crise de liquidez internacional. Na mesma linha, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, alertou terça-feira para o excesso de desequilíbrio no comércio mundial, cujo ajuste teria custo alto para a economia mundial.

Após visitar Mantega, Singh afirmou que o Fundo continuará apoiando as políticas econômicas do Brasil. Ele participou da reunião do BID e "naturalmente" foi visitar o novo ministro. Mantega participará da reunião de primavera do FMI, em 22 e 23 de abril, em Washington.

Embora tenha quitado sua dívida com o FMI no fim de 2005, o Brasil mantém relações com o órgão, do qual é sócio. É nessa condição que o País participa do Projeto Piloto de Investimentos, pelo qual um conjunto de investimentos públicos que têm retorno financeiro podem ser executados sem que os gastos sejam contabilizados no cálculo do superávit primário.