Título: ´Ninguém rasga nota de R$ 100 na Fazenda´
Autor: Renata Veríssimo, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

Ministro Guido Mantega diz que política econômica está dando certo e que ´seria loucura´ mudar de rota

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou ontem a unidade de discurso do governo em relação à condução da política econômica, à ênfase no controle das despesas e geração do superávit primário (economia para pagar os juros da dívida interna) e ao processo de aumento das reservas cambiais. Mais uma vez, garantiu que 'inflexão' na política econômica é uma palavra que não existe no seu vocabulário. 'Não podemos mudar o que está sendo bem-sucedido', afirmou o ministro, em entrevista após solenidade de posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca. 'Seria uma loucura. Se a política econômica estivesse dando resultado ruins....

Mas está dando tudo certo. Me digam alguma coisa que está dando errado', afirmou. Bemhumorado, brincou: 'Ninguém rasga nota de R$ 100,00 no Ministério da Fazenda'.

Segundo o ministro, 'quando for oportuno', o Banco Central continuará com a política de recomposição das reservas internacionais. 'É desejável que o Brasil tenha um volume considerável de reservas. Acho que nós já temos', disse em resposta ao vice-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Agustin Carstens, que anteontem defendeu um aumento do nível das reservas cambiais por considerar que o patamar atual - cerca de US$ 60 bilhões - não é suficiente no caso de uma eventual crise de liquidez internacional. 'Nós continuaremos na trajetória que vinha sendo seguida em relação às reservas. Quando for oportuno e o preço for conveniente, o Banco Central e o Tesouro poderão adquirir reservas', disse. Mantega lembrou que as reservas brasileiras estão três vezes maiores do que no início do governo Lula.

O ministro disse que não compartilha da preocupação dos analistas de mercado sobre uma possível falta de liquidez global e descartou que o movimento de alta das taxas de juros norte americans não afeta o Brasil. Ele previu um crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, puxado pelo bom desempenho da atividade industrial. Também garantiu que a meta de superávit primário, de 4,25% do PIB, será cumprida. 'Sou o fiador do superávit primário', afirmou.

O ministro previu que, em 2006, a indústria deve crescer 6% e que esse resultado já garantiria uma expansão de 4,5% do PIB. Ele avaliou como extremamente favorável o crescimento do setor de bens de capital , que reflete o fortalecimento do mercado interno e a melhora do nível de emprego. 'É um setor que puxa outros setores, muito dinâmico', afirmou o ministro, que destacou o fato de esse aquecimento estar ocorrendo no início do ano. 'Não há conjuntura mais favorável e satisfatória para um ministro da Fazenda', disse.