Título: Quem tem milhas quer vender. Mas a espera é de duas semanas
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,3,4

Empresa que comercializa milhagens diz que vendas cresceram 30% de janeiro para fevereiro

Especializada na venda e compra de milhas de viagens de companhias aéreas, a JB Milhas, que anuncia serviços na internet, teve nas últimas semanas um movimento bem maior. "O número de interessados em vender milhas da Varig aumentou 30% em relação a janeiro e fevereiro", diz um dos sócios da empresa, Gilberto Brasil.

A oferta aumentou, mas a procura caiu. "Antes, quem queria vender milhas da Varig aguardava um ou dois dias para encontrar um interessado. Hoje, a espera é de até duas semanas." As milhas em geral são comercializadas neste mercado informal em lotes de 20 mil, total que permite uma viagem de ida e volta no Brasil ou na América do Sul. "Com essas notícias da crise, tem gente querendo vender lotes de 10 mil", diz Gilberto. Cada lote de 20 mil, segundo ele, custa de R$ 900 a R$ 1,3 mil, dependendo do trecho de viagem.

Segundo o serviço de atendimento Smiles, da Varig, o movimento para a troca de milhas por passagens está normal. Os atendentes do serviço ontem fizeram trocas normalmente e um deles negou que houvesse corrida para troca de milhas.

De qualquer maneira, na avaliação do Procon, se a crise se agravar e a Varig parar de voar, o passageiro com bilhete da empresa está relativamente protegido pelo Código de Defesa do Consumidor e por uma portaria do DAC. "O passageiro tem de ser acomodado em outro vôo", diz a técnica do Procon, Marcia Christina Oliveira. Se nenhuma companhia endossar o bilhete, como aconteceu na quebra da Transbrasil, lembra, o consumidor tem de entrar na Justiça para ser ressarcido. O consumidor estaria descoberto apenas em caso de falência da companhia. "Neste caso ele vai ingressar na massa falida",afirma a técnica.

Segundo a Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav) é pouco provável que os bilhetes da Varig não sejam endossados por outras companhias. "A Varig integra a Star Alliance, que reúne empresas internacionais que dariam cobertura para endossos, se a situação se agravar," diz o diretor de Assuntos Internacionais da Abav, Leonel Rossi Junior, que não acredita em paralisação. "O que existem são pressões e contrapressões normais numa situação de negociação."

O presidente da CVC, Guilherme Paulus, informa que a maioria de seus pacotes é da TAM e que há mais de 90 dias não tem mais vôos fretados da Varig. "A empresa estava com poucos aviões. Mas nos pacotes que temos com vôos regulares da Varig está tudo normal", diz. No último ano, admite, a procura por roteiros com vôos da empresa caiu. "Há reclamações de atrasos no vôo, de queixa do serviço prestado, mas, mesmo assim, há quem prefira, por hábito voar pela companhia."