Título: Controle do aquecimento custaria 1% do PIB
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2006, Vida&, p. A20

Cálculo é de um assessor de Tony Blair e será apresentado ao G-8

Com cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial é possível reduzir entre 30% e 40% as emissões de carbono na atmosfera. Elas são uma das principais causas para o aquecimento global. A estimativa foi apresentada ontem ao Estado pelo chefe do Serviço de Economia do Reino Unido, Nicholas Stern.

A pedido do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, Stern prepara um relatório sobre economia da mudança climática para a reunião do grupo dos sete países desenvolvidos mais a Rússia (G-8), em julho, na cidade russa de São Petersburgo. O objetivo é estimar o custo de políticas para evitar o aquecimento global.

"À medida que forem adotadas tecnologias limpas, o custo de reduzir as emissões cairá", afirmou, diante de especialistas brasileiros, na Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável. Stern acredita que quem deve arcar com a maior parte dos custos de evitar o aquecimento global são os países desenvolvidos, grandes responsáveis pelas emissões, o que vai ao encontro da posição brasileira. No entanto, diz preocupar-se com o crescimento econômico dos países emergentes, como o próprio Brasil, e, principalmente China e Índia.

"Nos EUA, são 700 carros para cada mil habitantes, na China, 20", diz Stern, para dimensionar o potencial de crescimento e de emissão de carbono da China. "Ninguém quer parar o crescimento dos países em desenvolvimento, mas torná-lo sustentável. O desafio vai ser ajudá-los a crescer reduzindo as emissões."

Uma saída seria a criação de incentivos para o desenvolvimento e a adoção de tecnologias limpas. "Podemos produzir biocombustível e exportar; o problema são as barreiras comerciais", disse o presidente do Fórum de Mudança Climática no Brasil, Luiz Pinguelli Rosa, ao britânico. Stern respondeu que o governo britânico é favorável à redução de barreiras à importação pela União Européia, desde que Estados Unidos e Japão façam o mesmo e o Brasil remova barreiras a produtos industrializados.