Título: Lula tem de falar sobre quebra de sigilo, diz Alckmin
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Nacional, p. A12

Pré-candidato do PSDB cobra pronunciamento oficial e acusa o presidente de "omissão grave"

O pré-candidato do PSDB à Presidência, ex-governador Geraldo Alckmin, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa fazer um pronunciamento oficial sobre a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e que o fato de isso não ter ocorrido "é uma omissão grave".

Alckmin declarou que a quebra foi planejada pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em uma sala ao lado do gabinete de Lula no Planalto, e lembrou que o presidente se manifestou sobre o caso na posse do novo ministro, Guido Mantega, quando disse que Palocci "era mais que seu irmão". Para ele, "é óbvio" que o presidente tem que se pronunciar.

"Isso (a quebra do sigilo) foi feito ao lado da sala do presidente da República", disse o ex-governador, que esteve de manhã no velório de Izabel Victória de Mattos Pereira do Carmo Ribeiro, mãe do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), no Cemitério de São João Baptista, no Rio. "E o que vemos é uma omissão. O presidente até agora não falou. É uma omissão grave de um fato que é uma questão de valor, uma questão de princípio, não é só uma questão particular."

Alckmin não respondeu objetivamente quando lhe perguntaram sobre a possibilidade de negociar o apoio do PMDB. "Escolheram (os peemedebistas) um pré-candidato, cabe aguardar. A conversa precisa ser partidária." O ex-governador lembrou ainda que o candidato a vice-presidente natural da aliança é do PFL. "Agora, o próprio presidente (pefelista) Jorge Bornhausen declarou que política é entendimento em torno de um objetivo maior."

ALIANÇA

Mais tarde, em Belo Horizonte, Alckmin voltou a falar sobre um possível apoio do PMDB e classificou como "muito boa" a conversa que teve no domingo com o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP). Ele lembrou que a origem dos tucanos está no antigo MDB. "No que depender de mim, eu farei, baseado num programa, a maior aliança possível", disse Alckmin. A coligação ampla, prosseguiu, é importante não apenas para ganhar as eleições mas para governar. "Eu tenho um programa de reformas muito ambicioso e você tem de ter maioria para governar."

Questionado sobre um possível pedido de impeachment de Lula com base em um relatório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alckmin disse que no que depender dele haverá mudança "pela eleição, pelo voto". "Não quero entrar nessa campanha para fazer luta partidária, de se tomar o poder para si, para seu partido." Mas voltou a dizer que não tem "medo de cara feia" - referência ao que ele classifica como onda de denuncismo do PT - e reiterou que não pretende ganhar a eleição "falando mal dos outros".

Alckmin se reuniu com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e com o ex-secretário estadual de Planejamento e Defesa Social Antônio Augusto Anastasia, convidado para ser um dos coordenadores do seu programa de governo.