Título: Ex-dirigente da Caixa nega participação
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Nacional, p. A8

Segundo Alberto Toron, advogado de Mattoso, ele não divulgou dados

O advogado criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, disse ontem que seu cliente não teve nenhuma participação no vazamento de dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. "Não se pode dizer que a entrega dos extratos ao ministro da Fazenda represente quebra de sigilo", afirmou Toron. "Mattoso deixou o envelope com o ministro. Daí para a frente, o que aconteceu ele ignora. O Mattoso não provocou o vazamento, eu reafirmo."

A outra versão é a do ex-ministro Antonio Palocci. "Palocci, por seu lado, dizia inicialmente que não recebeu os extratos", observou o advogado. "Agora está dizendo que recebeu os extratos e os destruiu em um triturador. Eu acredito no meu cliente." Para o criminalista, "são duas versões que se antepõem". Ele ressaltou que o cargo de ministro da Fazenda "integra o sistema financeiro, representa o sistema, está no cume do sistema".

Toron disse que "ninguém pediu" a Mattoso que abrisse a conta de Nildo. "Ele já respondeu isso à PF. Ninguém pediu, ele é quem tomou a iniciativa. Resolveu entregar os extratos logo que teve o resultado. Foi à casa (de Palocci) e entregou."

Palocci declarou à PF que no dia 16 de março se encontrou com Mattoso em reunião no Planalto, da qual participaram o presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Após a reunião, Mattoso teria dito que precisava conversar com ele porque havia "assuntos pendentes". Palocci respondeu que teria outra reunião e mais tarde telefonaria a Mattoso.

Às 23 horas, o então presidente da Caixa foi à casa de Palocci. "Mattoso chegou com um envelope na mão", disse Palocci à PF. Segundo o ex-ministro, a conversa durou "menos de dez minutos". Falaram sobre instalação de escritórios da Caixa no Japão e nos EUA. "Ele (Mattoso) me pediu apoio e depois me exibiu 3 ou 4 folhas dos extratos da Caixa, e disse que eram do caseiro Francenildo."