Título: Falta de retorno é maior queixa
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,4

Contribuinte paga imposto alto e recebe pouco em troca

São raros os consumidores que calculam na ponta do lápis quanto pagam em impostos e juros no seu dia-a-dia. Mas quase todos concordam num ponto: esses encargos são muito elevados e, no caso dos impostos, o pior é que não há retorno.

A consultora Marcia Silva Vieira, por exemplo, costuma usar o cheque especial apenas por alguns dias no mês por descasamento entre o recebimento de seus benefícios e o vencimento de algumas contas. Mas, apesar de ser pequeno o tempo de uso no mês, ela diz que os juros são absurdamente altos.

Mas o que deixa a consultora mais indignada é a quantidade de impostos que o governo cobra. Ela calcula que todo mês pelo menos 20% de sua renda é transferida para o Fisco. "É um absurdo, pois não tenho nenhum benefício em troca."

Além de pagar os impostos, a contribuinte paga convênio médico, faculdade privada, previdência particular e alguns seguros para proteger seus bens, já que o governo também não consegue oferecer segurança adequada à população. "Pago quase uma fortuna e não uso nada, pois os serviços oferecidos não têm nenhuma qualidade. É uma afronta à dignidade do brasileiro."

Outra contribuinte indignada com a falta de retorno dos impostos pagos ao governo é a analista Cintia Watai. "Estaria feliz se os serviços públicos funcionassem direitinho. Teria o maior prazer em pagar." Segundo ela, além do Imposto de Renda abocanhar 27,5% do salário, todos os serviços têm de ser particulares, e custam caro. "Se tivesse algum retorno sobraria até para praticar o lado social. Se os impostos não fossem tão altos, poderia ajudar uma instituição."