Título: Distorções afetam competitividade do Brasil
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,4

País despenca em rankings e economistas vêem obstáculos para a economia nos próximos anos

As altas taxas de juros e a carga tributária pesada são dois dos fatores que impedem o Brasil de desenvolver uma economia mais competitiva. Economistas e analistas de diversos institutos de pesquisa internacionais apontam os dois aspectos como sérios obstáculos para o País nos próximos anos.

Pelo ranking anual de competitividade elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD), uma das entidades de pesquisa das mais reconhecidas da Europa, o Brasil ocupa a 51ª posição entre 60 países avaliados. Segundo seus analistas, se não houver uma reforma tributária importante no País, além de uma harmonização dos vários sistemas de cobrança nos Estados, a economia nacional sofrerá para se tornar competitiva. "O Brasil precisa completar suas reformas", avalia a entidade.

Para o IMD, um dos pontos mais críticos são as taxas de juros e o custo de capital como limitador do desenvolvimento econômico do País. De acordo com o estudo, se esses pontos fossem resolvidos, o Brasil passaria da 51ª para a 41ª posição no ranking das economias mais competitivas.

Já o Fórum Econômico Mundial, com sede em Davos, na Suíça, aponta que nem o controle da inflação, nem o ajuste fiscal e nem mesmo os resultados recordes de exportação conseguem evitar que o Brasil continue caindo nos rankings da entidade sobre competitividade das economias. Um dos fatores que mais pesam na avaliação é, mais uma vez, a taxa de juros.

Em 2005, o Brasil caiu oito posições no ranking do Fórum e ocupa, entre 104 países, o 65º lugar. O País é superado por Gana, Namíbia e El Salvador. Parte dessa queda esteve relacionada à falta de credibilidade das instituições públicas. Mas o ambiente econômico contribui de forma significativa para a queda acentuada.

Em 2004, o País já havia perdido três posições no ranking do Fórum. O fator mais alarmante foi a penúltima posição ocupada pelo Brasil entre 102 países avaliados em relação aos juros. Na prática, isso significa que o País é o segundo onde a taxa de juros mais pesa sobre a competitividade da economia. Por outro ângulo de observação, isso significa que, das 102 economias avaliadas, os bancos do Brasil são os vice-campeões no ranking dos que mais lucram no mundo já naquela época.