Título: Polícia ainda vasculha computadores de Valério
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2006, Nacional, p. A8

Um conjunto de computadores do empresário Marcos Valério foi recolhido em outubro, em Belo Horizonte, e levado para perícia na Polícia Federal em Brasília. Lá estão até hoje, sendo investigados, e deles podem surgir novas conexões do valerioduto em seus primórdios, antes da gestão Lula. Esse é um dos exemplos citados pelo deputado Gustavo Fruet de nichos que a CPI não trabalhou. "A pilha de documentos passados aos procuradores é contundente", diz Denise Frossard, "além de volumes sobre movimentação bancária de pessoas e empresas".

Uma séria preocupação da comissão era manter o foco - afinal, a certa altura o trabalho se estendia a centenas de pessoas, 5 ministérios, 13 estatais, 11 fundos de pensão, 5 bancos e 8 corretoras. "Manter o foco significava fazer escolhas, deixar algumas coisas de lado para aprofundar outras", diz o tucano. Assim, ficou de fora denúncia, por exemplo, de que o então ministro Tarso Genro teve ajuda financeira suspeita em campanha eleitoral no Sul. Outro cuidado era evitar radicalizar. Decidiu-se que tudo que envolvesse o presidente Lula seria jogado para o Congresso - até porque CPIs não têm atribuição de investigar presidentes.

Exemplo revelador dos limites do trabalho foram as franquias dos Correios, razão inicial de criação da CPI e que parou nos primeiros passos. No início dos trabalhos, o funcionário Maurício Marinho - que aceitou suborno de R$ 3 mil - declarara que "por trás de toda grande franquia dos Correios havia um deputado ou senador".