Título: Da discrição aos holofotes
Autor: Diego Escosteguy, Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2006, Nacional, p. A5

Procurador trabalhou em silêncio e surpreendeu todos

Habituado a trabalhar em silêncio, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ganhou os holofotes ao anunciar que tinha denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) 40 pessoas acusadas de envolvimento com o mensalão. Surpreendeu a CPI dos Correios, a Polícia Federal e colegas no Ministério Público, pois, sem que ninguém ficasse sabendo, a denúncia fora apresentada quase 15 dias antes.

Souza entregou a denúncia no fim de março, mas só tornou-a pública no último dia 11, quando recebeu da CPI o relatório final produzido por Osmar Serraglio (PMDB-PR). O texto do procurador aponta a existência de quadrilha chefiada pelo ex-ministro José Dirceu e pela direção do PT, mas não responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Souza conquistou admiradores e ganhou apoio no Orkut, site de relacionamentos, com a comunidade "Procurador Antonio Fernando de Souza, cabra macho!", cujo subtítulo é "Autor do relatório. Denúncia dos 40 ladrões. Só faltou o Ali Babá."

O procurador tem hábitos regrados. Freqüenta missas e almoça todos os dias em casa. Indicado ao cargo por Lula no final de 2005, já demonstrou que não espera ser reconduzido ao posto. Ele espera que, terminado o mandato de dois anos, volte a ser subprocurador-geral.

De sua biografia pública não consta que poderia ter sido procurador-geral dez anos antes. Na década de 90, ele enfrentou período de grandes restrições no Congresso após ter pedido, na eleição de 94, a cassação do registro da candidatura do então senador Humberto Lucena (PMDB-PB), acusado de usar a gráfica do Senado para imprimir material eleitoral. M.G e D.E