Título: PF apura vazamento de dados do Banco Rural
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Nacional, p. A10

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, mandou abrir inquérito para apurar a responsabilidade pelo vazamento de dados das investigações do Ministério Público acerca de supostas operações de lavagem de dinheiro no Banco Rural, publicados pelo Estado no domingo e ontem. Lacerda tomou a decisão depois de receber em seu gabinete o advogado do Rural, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias.

O advogado pediu-lhe a investigação por entender que o trabalho dos procuradores é sigiloso. Segundo fontes na PF, o inquérito deve ser comandado pelo delegado Rodrigo Gomes Carneiro, responsável pela investigação sobre a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo.

Dias atacou a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que apontou o Rural como o "núcleo operacional-financeiro" da "organização criminosa" que operou o esquema do mensalão. "Aquilo é uma balbúrdia", criticou, qualificando o documento de "genérico" e semelhante aos processos contra militantes políticos durante a ditadura militar. Na denúncia, o procurador pediu o indiciamento dos dirigentes do banco.

No domingo, o Estado revelou que o MP aprofundará as investigações sobre eventuais "práticas fraudulentas" e de lavagem de dinheiro do Rural, que iriam muito além das transações com o valerioduto. A reportagem apontou que os procuradores descobriram saques superiores a R$ 100 mil ligados a 7 deputados e 2 senadores nos últimos três anos. Todos negam as irregularidades.