Título: País perde US$ 1,5 bi se Varig fechar
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Economia & Negócios, p. B12

Valor refere-se a vendas de bilhetes internacionais no Brasil e no exterior

Uma eventual paralisação da Varig poderá causar uma perda de US$ 1,567 bilhão em divisas ao País. Este foi o valor da vendas de passagens internacionais feitas pela Varig em 2005, no Brasil e no exterior. Para evitar o risco, a empresa negocia um plano emergencial que prevê economias de curto prazo de US$ 356 milhões, dos quais US$ 99 milhões viriam de corte de pessoal e da redução em 30% dos salários.

Os valores das vendas de bilhetes internacionais foram informadas ao Estado pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini. Segundo ele, no exterior foram vendidos US$ 987 milhões e no País, US$ 580 milhões, para vôos internacionais. Já a redução de gastos este ano consta de documento da consultoria Alvarez & Marsal, a que o jornal teve acesso. Além deste plano, credores analisam proposta de compra da Varig Log.

Entre consultores do setor, é consenso que uma eventual paralisação da companhia aérea, hipótese que circulou no mercado durante a semana, provocaria mais problemas no transporte internacional do que no doméstico. No interno, a Varig tem 18% de participação enquanto TAM e Gol somam 74% e ampliarão a oferta de assentos em 30% no ano, conforme a Bain&Company.

¿Isso mostra claramente que vão compensar a saída da Varig¿, diz o especialista da Bain, André Castellini. Num primeiro momento, ¿ficaria gente no chão no horário de pico¿, mas a situação se normalizaria com a chegada dos novos aviões das concorrentes. Um ex-executivo da Varig argumenta que de três a seis meses a situação estaria normalizada e os fornecedores de aviões buscariam as concorrentes.

Castellini também pondera que o excesso de demanda acabaria, naturalmente, levando as empresas que continuariam no mercado a reduzir tarifas promocionais, aumentando o preço médio.

Trocando em miúdos, segundo outro especialista, ficaria mais caro voar. Semana passada, analistas de bancos calcularam que o aprofundamento da crise da Varig poderia elevar as previsões de receita das outras aéreas este ano.

No setor internacional, a situação é outra. O peso relativo da Varig já encolheu ¿ de 88% de participação em março de 2003, para 69% no mês passado ¿, mas a empresa ainda é de longe a maior e tem bases montadas fora.