Título: Intercâmbio comercial com o Brasil é muito pequeno
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Internacional, p. A18

Mas negócios crescem com a chegada de pesos pesados como Odebrecht e Petrobrás

As relações comerciais entre Brasil e Peru ainda são pequenas, apesar da proximidade dos países e da demanda potencial do mercado peruano por produtos brasileiros. Nos últimos quatro anos, de acordo com o Grupo Brasil - entidade que reúne 24 empresas brasileiras entre as que investem no Peru - o investimento no país não passou de US$ 1,2 bilhão. Pouco, se comparado por exemplo aos US$ 1,5 bilhão que só a Petrobrás investiu nos últimos dez anos na Bolívia, país com PIB oito vezes e meia menor do que o Peru.

Estão instalados ou chegando ao Peru alguns pesos pesados da economia brasileira, como a própria Petrobrás, a Vale do Rio Doce, a Votorantin, a Ambev e as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiróz Galvão e Andrade Gutiérrez, entre outras. As empreiteiras atuam principalmente em grandes obras de infra-estrutura, como os corredores interoceânicos, um complexo viário-ferroviário que ligará o noroeste e o centro-oeste do Brasil aos portos do Peru no Oceano Pacífico.

"Esses corredores deverão multiplicar a entrada de produtos brasileiros no país, além de trazer desenvolvimento para regiões hoje remotas do interior", diz ao Estado Odilon Amado, presidente do Grupo Brasil. "Além disso, as empresas brasileiras terão acesso a portos no Pacífico, facilitando a troca de produtos com a Ásia."

Segundo Amado, o Grupo Brasil promoveu encontros entre sócios e os principais candidatos à presidência, Ollanta Humala, Lourdes Flores, Alan García e Valentín Paniagua. Para ele, nenhum é uma ameaça aos investimentos brasileiros.

"Humala pareceu, como os outros, interessado em continuar e ampliar as relações com as empresas brasileiras", diz. "Claro que toda mudança de governo preocupa as empresas estrangeiras. Ele fala muito na renegociação de contratos, principalmente no caso de concessionárias que atuam no país. Quando se fala em renegociação, se pressupõe que o governo considera o contrato anterior lesivo aos seus interesses."

Amado afirma que, caso o nacionalista vença, os novos investimentos estarão cercados por certa cautela, mas não crê que as operações já instaladas sofram grandes alterações.