Título: MST dribla ações judiciais com rodízio de comando
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Nacional, p. A12

Para evitar a criminalização de suas lideranças, o MST procura não expor seus coordenadores por muito tempo. O destaque que hoje desfrutam determinados líderes, como José Rainha e Jaime Amorim, tende a ser cada vez menor. "Eles fazem rodízio", diz o advogado Nestor Hein, que atua há 19 anos em defesa dos interesses da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul). Na opinião dele, essa é uma maneira de dificultar eventuais processos criminais por invasões, cárcere privado, formação de quadrilha e esbulho possessório. Outro recurso utilizado, segundo Hein, é a constante mobilidade das lideranças, de um acampamento para outro, o que facilita as táticas para levar à prescrição do processo. Freqüentemente nem são encontrados para citações. "À exceção dos sem-terra que mataram um policial no conflito da Praça da Matriz, em Porto Alegre, em 1990, não tenho conhecimento de nenhuma condenação penal", assinala o advogado da Farsul. Líderes ruralistas do Rio Grande do Sul reclamam com freqüência da Brigada Militar, que estaria cedendo à pressão dos sem-terra ao não fazer a identificação de invasores. Segundo Hein, essa providência poderia levar muitos militantes a processos, à perda dos lotes ou à exclusão das listas de futuros beneficiários da reforma agrária. O subcomandante da Brigada Militar, coronel Ilson Pinto de Oliveira, reconhece que a identificação de pessoas em meio a conflitos é difícil. Mas assinala que os líderes se expõem nas invasões e podem ser encontrados.