Título: Déficit da Previdência já chega a R$ 9,92 bilhões
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Mesmo com a arrecadação batendo recordes, o déficit da Previdência Social mantém a tendência de alta. Em março, os pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) superaram a arrecadação em R$ 2,612 bilhões, resultado 7,3% superior ao de março de 2005. No trimestre, a situação se repete. O déficit acumulado este ano soma R$ 9,928 bilhões, superior em 10,3% em relação ao de igual período do ano passado, que foi de R$ 9,001 bilhões.

A perspectiva para os próximos meses é de déficit crescente até o fim do ano, quando deve alcançar R$ 45,214 bilhões, segundo as novas projeções do Ministério da Previdência. No ano passado, o déficit foi de R$ 38,5 bilhões. O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, disse que a elevação do déficit se deve ao aumento de cerca de 13% do mínimo e da correção em 1,5% acima da inflação das aposentadorias e pensões.

Os números divulgados ontem ainda não estão impactados pelo reajuste do salário mínimo de R$ 300 para R$ 350 nem pelo aumento de 5% nos benefícios com valores superiores ao mínimo. O caixa da Previdência só vai registrar o aumento do salário mínimo e dos demais benefícios a partir de maio.

Segundo o secretário, a projeção de déficit para o ano ainda pode cair. A Secretaria de Previdência Social optou, por enquanto, em não incluir os ganhos que virão do recadastramento dos segurados, que podem chegar a R$ 1,3 bilhão, e também do novo Simples, quando a Previdência passará a receber uma parcela maior. O novo Simples, no entanto, ainda não foi aprovado pelo Congresso.

"As novas concessões de benefícios estão na média e os ganhos reais de arrecadação vêm sendo extraordinários", disse Schwarzer. Como exemplo de medidas que têm ajudado a evitar a explosão do déficit, o secretário citou a mudança de metodologia na concessão do auxílio-doença. Com essa medida, os auxílios-doença, que chegaram a 1,666 milhão em outubro do ano passado, caíram para 1,432 milhão em março deste ano.