Título: Kawall reafirma superávit de 4,25% do PIB
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Em sua primeira rodada de contatos com investidores e analistas europeus desde que assumiu o cargo no mês passado, o secretário do Tesouro, Carlos Kawall, procurou afastar os temores sobre a manutenção do compromisso fiscal da nova equipe econômica. Munido de vários gráficos, ele assegurou a uma platéia de cerca cem profissionais da City londrina que participaram do seminário Best - de promoção do mercado de capitais brasileiro - que a meta de superávit primário consolidado para este ano de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) será rigorosamente cumprida. "Existe qualquer sinal de falta de compromisso fiscal do governo? Não", disse Kawall.

Ele admitiu, no entanto, que o resultado fiscal acumulado nos últimos 12 meses em março e abril pode eventualmente ficar "alguns pontos-base" abaixo da meta. "Não é o cenário previsto por nós, mas pode acontecer." E ressaltou que o País não tem meta de superávit fiscal consolidado para 12 meses acumulados, mas para o ano fechado.

Segundo Kawall, os fracos resultados fiscais do início deste ano foram causados, entre outros fatores, por efeitos estatísticos e pelo cronograma eleitoral, mas o desempenho do governo, garantiu, está numa trajetória consistente com a meta.

Na palestra, Kawall disse que o resultado do superávit primário em 2006 deve ficar um pouco abaixo ou acima de 4,5% do PIB. Depois, questionado se isso sinalizaria aumento da meta, destacou que o objetivo é 4,25%. "Como sempre, é preciso trabalhar com alguma margem de segurança. É natural que a meta seja superada ligeiramente."

Kawall procurou acalmar o mercado, que vinha mostrando cautela diante do processo de substituição das LFTs (títulos pós-fixados atrelados à Selic) por LTNs (papéis prefixados) da dívida pública, o que estava elevando os prêmios cobrados sobre os papéis leiloados pelo Tesouro. "A estratégia para a dívida pública está delineada, mas não será executada a qualquer preço", disse Kawall ao Estado. "Não vamos criar situação estressante para o mercado e pagar mais do que deveríamos."

Segundo ele, "há momentos em que é preciso sinalizar que haverá mudanças", como no caso da estratégia do governo em mudar o perfil da dívida pública. Mas disse que está descartado o retorno das ofertas das LFTs.