Título: Ministro afirma que PT quer a sua cabeça
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Nacional, p. A11

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, identificou no PT a origem do bombardeio que tenta derrubá-lo do cargo por causa do episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Ele tem informações de que petistas já tentaram por várias vezes convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demiti-lo, com o argumento de que não manobra a Polícia Federal (PF) para proteger o partido do governo. Com a repercussão do caso - e ao perceber que seria convocado pelo Congresso -, Bastos se antecipou. Enviou aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ofício no qual se dispôs a ir ao Congresso falar sobre a quebra do sigilo. Com isso, saiu da defensiva e pôs-se na ofensiva. Deverá falar depois da Semana Santa, possivelmente no plenário do Senado. Lá, ao contrário do que ocorre nas comissões, não há direito a réplica para quem faz a indagação, o que beneficiará o ministro.

Por trás das suspeitas de que poderia ter se omitido na violação do sigilo, Bastos disse a um parlamentar que viu o dedo do PT. A Lula ele afirmou que não soubera com antecedência da ida de seus auxiliares à casa de Palocci. E, de acordo com um auxiliar do presidente, o ministro da Justiça disse a Lula que a situação de Palocci ficaria insustentável, pois tudo indicava que fora ele quem ordenara a quebra do sigilo do caseiro. Teria de ser demitido. Quando Palocci pediu afastamento, Lula o demitiu.

Assessores do presidente queixam-se de que ele não ouve conselhos de quase ninguém do primeiro time, mas sempre escuta tudo o que diz Thomaz Bastos. No caso da demissão de Palocci, ele foi fundamental. Como também foram muito importantes os conselhos que deu para que o dinheiro do mensalão fosse tratado como caixa 2. Crime eleitoral, como se sabe, prescreve rapidamente.