Título: Gol quer os aviões, se forem oferecidos
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou ontem que a empresa poderá se interessar pelas aeronaves da Varig, caso elas sejam retomadas pelas companhias de leasing e oferecidas ao mercado. A Varig utiliza principalmente aeronaves da Boeing, única fornecedora da Gol. Questionado sobre a possibilidade de ficar com aviões da concorrente, Constantino respondeu com outra pergunta: ¿Se for interessante para a empresa, por que não?¿

Durante a teleconferência para comentar o lucro recorde anunciado anteontem, empresário destacou que não considera a hipótese de a concorrente paralisar as operações. Sobre a possibilidade de vir a aceitar passageiros da Varig, caso esta venha a parar, disse que a Gol tem a preocupação de evitar perdas para o consumidor e para o setor aéreo como um todo. ¿Não é elegante da nossa parte tratar da hipótese de a Varig parar. Mas temos interesse em minimizar o impacto negativo para os consumidores.¿

A Gol apresentou lucro líquido recorde de R$ 179,8 milhões no primeiro trimestre. Foi o melhor resultado trimestral da história da companhia, 37,2% maior do que o resultado do mesmo período do ano passado. A receita líquida cresceu 46,5% e chegou a R$ 863 milhões. A participação no mercado interno foi de 30%.

Constantino evitou fazer muitos comentários sobre o caso da concorrente com problemas financeiros. ¿A Varig é uma empresa que está em recuperação e estamos acompanhando o caso a distância¿, disse.

O presidente da Gol disse ter solicitado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) licença para ampliar o número de vôos nas ocasiões em que ocorrer desistência da Varig.¿ ¿Pedimos licença para mais vôos e aguardamos retorno da Anac¿, disse.

Segundo ele, a Gol não está incorporando slots (licença para horários de vôos nos aeroportos) adicionais às que projetou por causa dos problemas da Varig. Questionado, durante teleconferência com analistas de mercado, sobre a questão do investimento estrangeiro na Varig, Constantino declarou que a Gol tem se pronunciado por meio do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). O sindicato é contrário à participação de estrangeiros que excedam os 20% permitidos pela lei nas empresas aéreas.

¿O investimento estrangeiro é uma discussão pública. A empresa tem se pronunciado pelo Snea¿, disse o empresário.