Título: Para governo, operação vale por não ter outras despesas
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Nacional, p. A10

Responsável diz que programa não paga distribuição nem funcionários e, por isso, tem preço final razoável

O responsável pelo programa Farmácia Popular, Dirceu Barbano, acha normal o governo pagar quase dez vezes mais pelo mesmo remédio que compra numa licitação. Ele afirma que não há despesas além do custo do medicamento. "Não temos de pagar pela distribuição, por funcionários. Vale a pena", diz.

Como justificativa, Barbano usa ainda outro argumento. Ele conta que boa parte dos remédios comprados em licitação se perde até chegar aos postos de distribuição, nas cidades. "Não sabemos por que isso ocorre. Mas o cálculo é de que 30% dos remédios comprados pelo governo são extraviados, não chegam aos postos."

Barbano admite que esse é um problema sério e investigações estão sendo realizadas para descobrir os motivos de tal desperdício. "Claro que é uma perda de recursos, mas estamos preocupados com isso", ressalta. Especialistas afirmam, no entanto, que um erro como este não pode justificar o preço mais alto pago pelos medicamentos.

Para este ano, o Ministério da Saúde pretende gastar no Farmácia Popular R$ 72 milhões. Deste total, será reservada a quantia de R$ 50 milhões apenas para o reembolso dos medicamentos comprados em farmácias credenciadas. Para Barbano, o recurso é mais do que suficiente. "Como o cadastramento é gradual, certamente neste primeiro ano os recursos bastarão."

Na segunda fase do Farmácia Popular, são vendidos com descontos na rede particular oito princípios ativos, que podem ser encontrados no mercado em mais de 200 apresentações. A lista foi formada por especialistas consultados pelo ministério e, segundo Barbano, são os mais indicados por médicos.

O preço de referência cobrado foi calculado de acordo com uma média de preços do varejo. "Foi tudo muito bem estudado, muito bem planejado", garante Barbano. Ele descarta o risco de que, no futuro, o sistema de reembolso acabe engolindo o formato piloto do programa. Segundo ele, a tendência é de que numa próxima etapa, remédios para outras doenças sejam incluídos no sistema de reembolso: os principais da lista são os para asma e para rinite.