Título: Mercadante: 'Quero fazer S. Paulo voltar a ser a locomotiva do Brasil'
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Nacional, p. A8

O senador Aloizio Mercadante aposta na sua experiência como líder do governo para encarar a disputa ao governo paulista, que, para ele, será pautada nas questões nacionais. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Estado.

Por que o senhor quer ser governador de São Paulo?

São Paulo é um Estado fantástico que, ao longo da história, sempre liderou o crescimento do Brasil e, no governo do PSDB, vem crescendo abaixo da média nacional, prejudicando o crescimento acelerado do Brasil e, com isso, também reduzindo a capacidade de investimento na qualidade da educação, na saúde pública e no sistema de segurança pública eficiente. Eu quero fazer São Paulo voltar a crescer, ser a locomotiva do Brasil.

Por que o senhor se considera mais preparado do que a também petista Marta Suplicy para enfrentar José Serra?

Primeiro porque eu acho que uma dimensão fundamental dessa campanha vai ser o debate nacional e, como líder do governo Lula, eu tenho todas as condições de sustentar todos os avanços que o nosso governo teve, especialmente quando comparado ao governo anterior. Em segundo, porque eu fui o senador mais votado da história, com 10,5 milhões de votos, e tenho uma rejeição bastante baixa, o que mostra um potencial de crescimento. Sempre tive os melhores resultados eleitorais nos cargos legislativos e nunca tive a chance de disputar um cargo executivo. A Marta já foi candidata ao governo de São Paulo e duas vezes candidata à Prefeitura. Eu acho que eu tenho melhores condições de vitória.

Quais são seus planos e principais projetos para São Paulo?

Nós precisamos interiorizar o desenvolvimento. Houve um esvaziamento demográfico muito grande, inclusive da região Oeste, por falta de instrumentos de impulso ao desenvolvimento regional. As agências, fóruns de desenvolvimento regional e os consórcios intermunicipais são indispensáveis para uma nova política de planejamento e crescimento econômico. Também é preciso mobilizar as 72 instituições de pesquisa e universidades para atrair o investimento de qualidade. O Estado tem o maior mercado consumidor, a melhor infra-estrutura, a melhor base industrial e agrícola e, portanto, se nós tivermos uma política de fomento e incentivo ao investimento, nós voltaremos a impulsionar o Brasil. E é preciso ainda reestruturar completamente a Febem, que foi um retumbante fracasso. Uma instituição que hoje consome quase meio bilhão de reais por ano e tem sido absolutamente incapaz de recuperar os jovens. Há problemas também em relação aos que estão na liberdade assistida. Queremos desmembrar em duas instituições como fizemos no governo do Rio Grande do Sul. Também é preciso rever o sistema prisional, que está absolutamente em colapso. É preciso valorizar a polícia. A Polícia Civil de São Paulo tem hoje o segundo pior salário do Brasil. A Educação precisa de um choque de qualidade, informatizar as escolas e valorizar o professor.

Dizem que o ex-governador Geraldo Alckmin deixou contas arrumadas e dinheiro em caixa. É por isso que hoje muitos almejam governar São Paulo?

A dívida pública de São Paulo era de R$ 34 bilhões e hoje passa de R$ 130 bilhões. O Estado não tem mais capacidade de financiamento, devido ao endividamento que fizeram, e houve uma redução de investimentos. O Estado investia R$ 16 bilhões, chegou a investir R$ 18 bilhões por ano, e tem investido nos últimos anos em torno de R$ 4 a R$ 3 bilhões. Não houve eficiência nem na gestão das finanças públicas e, principalmente, houve um brutal comprometimento da capacidade do Estado. Não foi criado um regime previdenciário, além de ter havido uma redução de 170 mil servidores durante a gestão do PSDB. Nós precisamos relançar o Estado no crescimento econômico para poder gerar receita, retomar capacidade de investimento de qualidade nas políticas públicas. Crescimento e emprego são as grandes prioridades para o Estado de São Paulo.