Título: Marta: 'Vivência dos acertos e erros me dá mais maturidade'
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2006, Nacional, p. A8

Marta Suplicy trabalha para ser escolhida candidata do PT na disputa ao governo do Estado. A ex-prefeita garante que o embate com José Serra - para quem perdeu a reeleição em 2004 - não será um terceiro turno. "Não existe terceiro turno", assegurou, em entrevista por e-mail ao Estado. A seguir, os principais trechos.

Por que a senhora quer ser governadora de São Paulo?

Quero levar para todo o Estado uma gestão voltada a diminuir a desigualdade social, como fizemos na cidade de São Paulo. Os resultados apresentados pelo governo Lula, e por nosso trabalho à frente da Prefeitura, mostram o impacto social do combate à pobreza, quando ele é prioridade. Temos hoje aumento das oportunidades de trabalho e estudo, principalmente para os jovens, redução da violência e crescimento da economia. Esta ação pode ser ampliada e potencializada com a reeleição do Lula e com uma gestão apoiada na experiência de já termos exercido um mandato executivo.

Por que se considera mais preparada para enfrentar José Serra?

Os pré-candidatos do PT estão preparados para enfrentar os adversários nas eleições. Mais ainda no caso de quem, movido exclusivamente pela ambição pessoal, utilizou a Prefeitura como trampolim para qualquer cargo maior, abandonando seu compromisso com a população que nele confiou. No meu caso, a experiência administrativa na cidade, a vivência dos acertos e erros, concorre para me dar mais maturidade. Encontramos uma situação de caos administrativo e financeiro e entregamos a cidade em melhores condições para meu sucessor. Tivemos nossas contas aprovadas nos quatro anos de governo, sucesso nos transportes, com o Bilhete Único e a reestruturação completa do sistema de ônibus; na educação implantamos os programas inclusivos de fornecimento gratuito de material escolar e uniforme para 1 milhão de crianças, o transporte escolar gratuito e construímos 189 escolas e creches, entre as quais os 21 CEUs. Os programas sociais atenderam a 490 mil famílias; cuidamos da cidade, da limpeza pública à conservação de praças e jardins, da realização de obras viárias à recuperação do Centro; na saúde integramos a cidade ao SUS, iniciamos a construção de dois hospitais e criamos 700 equipes do Programa Saúde da Família, o maior do país. O voto consolidado que tenho na cidade, refletido nas pesquisas, e a possibilidade de crescimento constituem um importante patrimônio para a disputa eleitoral.

Quais são seus planos e projetos para São Paulo?

O programa do PT é elaborado pela militância do partido. Minhas principais sugestões têm sido: alavancar o desenvolvimento regional, por meio de consórcios regionais com dotação orçamentária, que reúnam governo do Estado, prefeituras e iniciativa privada; prioridade para a educação, com a implantação de Fatecs, ETEs (Escolas Técnicas de nível médio), de acordo com as definições dos consórcios. Recuperação da qualidade do ensino, organização da carreira do professor, redução do número de alunos em salas de aula e implantação efetiva do período integral. Nos transportes, execução de um amplo plano de recuperação viária da malha de estradas secundárias e vicinais; extensão do Metrô, do Rodoanel, e implantação do Bilhete Único Metropolitano. Na segurança, além das ações na área da educação e da geração de oportunidades para os jovens, investimento na carreira dos policiais e na disponibilidade de condições adequadas para o trabalho. Atenção aos instrumentos de inteligência policial. A Febem não pode continuar. O modelo do Núcleo de Atendimento Integrado de São Carlos, de unidades pequenas, tem dado excelentes resultados.

Dizem que o ex-governador Geraldo Alckmin deixou as contas do Estado arrumadas e dinheiro em caixa. É por isso que muitos querem governar São Paulo?

As finanças do Estado continuam a merecer muita atenção e cuidado. Apesar de todas as privatizações feitas, o endividamento aumentou muito.