Título: Com US$ 90 milhões, El Paso busca petróleo
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Economia & Negócios, p. B12

Grupo americano deixa perfil de investidor em térmicas e se concentra em exploração de óleo

A americana El Paso vai investir US$ 90 milhões este ano em exploração e produção de petróleo no Brasil, com a perfuração de até nove poços no País e no desenvolvimento da produção do campo de Pinaúma, na Bacia de Camamu (BA), que começará a produzir a partir do segundo semestre de 2007. Com isso, a empresa deixa o perfil de uma das empresas mais agressivas no investimento de geração termoelétrica no Brasil na década passada, para se tornar a segunda grande companhia privada a produzir petróleo no País, depois da Shell. "Nosso foco agora é exploração de óleo, ou óleo associado ao gás", afirmou o presidente da El Paso no país, Eduardo Karrer.

Declarado comercial à Agência Nacional de Petróleo (ANP) na semana passada, o campo de Pinaúma tem reservas estimadas em 35 milhões de barris de petróleo, e deverá produzir 11 mil barris de petróleo por dia, a 14 quilômetros da costa baiana. O projeto terá investimentos de US$ 200 milhões até 2008 e depende da perfuração de novos poços para atingir o pico de produção.

A empresa ainda não está definiu se a produção do campo vai abastecer o mercado interno ou será voltado para a exportação. Somente em Camamu, a El Paso tem sozinha outros dois blocos além do BMCAL-4, em que está localizado o campo de Pinaúma, e outros dois em parceria com a Petrobrás e Queiroz Galvão. Karrer lembra que o próprio BMCAL-4 tem potencial ainda inexplorado, especialmente ao sul, que já apresentou indícios de hidrocarbonetos e onde estão concentrados os esforços exploratórios da companhia. Além da Bahia, a empresa também tem áreas nas bacias Potiguar (RN), do Espírito Santo e em Santos.

Hoje, a única fonte de receita na área de exploração e produção da El Paso no Brasil vem de uma participação de 35% nos campos de Pescada e Arabaiana, operados pela Petrobrás no Rio Grande do Norte.

A estratégia da El Paso em se concentrar na exploração de petróleo e gás, deixando de lado a geração termoelétrica, segue tendência mundial da companhia. No Brasil, o movimento começou com a venda de sua participação na térmica Araucária, no Paraná, para a Copel; e na Macaé Merchant, no Rio de Janeiro, para a Petrobrás.

Desde 1997 quando chegou ao Brasil, a El Paso investiu US$ 2 bilhões, dos quais US$ 400 milhões foram para atividades em exploração e produção. O restante foi para a formação do portfólio da companhia, que compreende ainda as térmicas de Manaus (AM) e Termonorte I e II, em Rondônia, que serão abastecidas com o gás natural de Urucu, se a Petrobrás executar o projeto do gasoduto de 550 quilômetros ligando o campo no meio da Amazônia a Porto Velho. Se isso ocorrer, cerca de 1,6 milhão de metros cúbicos de gás natural por dia irão para as duas usinas. "Queremos o gás. É mais vantajoso e nos permite uma margem mais eficiente. E acreditamos que este gasoduto sairá do papel", disse Karrer.