Título: Armínio quer debate sobre reformas
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Economia & Negócios, p. B9

Para ex-presidente do BC, mudanças importantes são temas eleitorais

O ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga afirmou que temas ligados à educação, marcos regulatórios e dificuldades de desenvolvimento de negócios para pequenos empresários devem fazer parte do debate eleitoral. "Neste debate deve-se levar as reformas importantes e a mudança de atitude entre os atores políticos e econômicos do Brasil", disse Armínio, ao participar ontem do Fórum Econômico Mundial para América Latina, em São Paulo, como moderador do workshop "Oportunidade para Novos Atores Financeiros na América Latina".

Armínio confirmou estar conversando com o candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, a quem procura mostrar que o Brasil tem enorme potencial a ser explorado. Para o ex-presidente do BC, é consenso que o gasto público no Brasil não pode continuar a crescer a taxas de dois dígitos ao ano, como aconteceu na última década, causando aumento da carga tributária que prejudica a economia produtiva.

Ele reiterou que o aumento da carga tributária, provocada pelos gastos públicos, tem forte impacto nas taxas de juros. "Embora tenham caído bastante, continuam muito altas. Creio que o próximo governo tem de tomar medidas para estancar este processo de gastos para reduzir a carga tributária, o que é essencial para o Brasil crescer."

CÂMBIO

Para Armínio, não haverá mudanças na política monetária, porque há metas definidas pelo governo a serem perseguidas e o BC não é independente para alterá-las. Ele acredita ser muito difícil prever até onde vai a valorização do real. "A beleza do câmbio flutuante é que ele flutua, e é difícil prevermos essa flutuação", afirmou.

O ex-presidente do BC considera positivo um sistema de câmbio flutuante e diz que os exportadores precisam aprender a trabalhar com esse sistema. "O brasileiro parece ter uma demanda por certeza, sempre quer saber tudo", comentou, lembrando ser natural do sistema de câmbio flutuante provocar esse tipo de insegurança. A certeza, diz ele, tem de ser dada pelas políticas econômicas dos governos. "O governo precisa trabalhar para acabar com as incertezas políticas e regulatórias."

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