Título: Emissoras reforçam campanha pela TV digital japonesa
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Anúncio assinado pelos radiodifusores é publicado no dia em que comitê de ministros se reúne com Lula

As emissoras têm pressa em definir o padrão de TV digital, e voltam à carga com propaganda em defesa do padrão japonês hoje, mesmo dia em que o comitê de ministros que trata do assunto tem uma reunião marcada com o presidente Lula.

O anúncio diz que, para garantir a qualidade do sinal, a alta definição, a mobilidade e a interatividade, "só existe um sistema no mundo: o ISDB-T, adotado no Japão e recomendado para a TV digital do Brasil pela SET (Sociedade de Engenharia de Televisão) e pelas emissoras de TV".

Devem participar da reunião os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Hélio Costa (Comunicações), Guido Mantega (Fazenda) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia). Quarta-feira, foi apresentado a eles um estudo de mercado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a viabilidade de se instalar uma fábrica de semicondutores no País, uma das metas do governo nas negociações com grupos estrangeiros detentores dos padrões de TV digital.

O governo analisou três padrões: o japonês ISDB, o europeu DVB e o americano ATSC. Hélio Costa, a exemplo das emissoras, defende o padrão japonês. Consórcios locais de pesquisadores também desenvolveram o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), que combina padrões tecnológicos internacionais numa solução mais adequada à realidade local. Inexplicavelmente, este trabalho deixou de ser discutido pelo governo, que financiou as pesquisas.

A campanha é assinada pela Bandeirantes, Cultura, Globo, Record, RedeTV!, Rede Vida, SBT, 21, CNT e Rede Mulher.

BATE-PAPO

O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu ontem que o modelo de TV digital a ser adotado deve priorizar as características do País, principalmente as culturais, e considerar que os sinais de TV, hoje, já chegam a 95% dos domicílios brasileiros. O novo modelo, segundo o deputado, deve promover o aumento do número de canais abertos, para possibilitar maior democratização das comunicações. "Podemos comprar equipamentos de outros países, desde que o nosso modelo de negócio, nosso modelo de regulação e nossos interesses econômicos, industriais e sociais estejam contemplados."

Pinheiro, integrante de um grupo de parlamentares que discute a questão no Congresso, disse que o governo ainda não tomou sua decisão, apesar de Hélio Costa ter manifestado sua preferência. "Como já ficou evidente para a população brasileira, há, sim, uma preferência declarada do ministro das Comunicações pelo padrão japonês. Mas quero destacar que a nossa linha de atuação política vem se pautando por ampliar o espectro dessa discussão para além da escolha de um padrão tecnológico."