Título: Upgrade pode vir em 3 anos
Autor: Fabio Graner, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Para economista, País pode ser 'grau de investimento'

É possível para o Brasil tornar-se um dos países classificados com o "grau de investimento" (investment grade) nos próximos dois ou três anos, segundo análise do economista Frederick Jaspersen, do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), uma associação internacional de 150 instituições financeiras que está promovendo no Rio o encontro anual de presidentes de bancos da América Latina.

Para o Brasil, chegar ao grupo de países classificados como grau de investimento significa estar entre os países de menor risco para o investidor. Ou seja, pagar taxas de juros mais baixas, desde que a política econômica tenha continuidade.

Anfitrião do encontro, o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, concordou com o cenário positivo e destacou que o grau de investimento traria enormes benefícios para a economia. Para ele, uma classificação do País nesse grupo seleto deverá garantir uma enorme redução da taxa de juros e uma mudança muito significativa do País perante a comunidade financeira internacional.

Apesar do destaque dado por Jaspersen de que a continuidade da política econômica é a condição mais importante para que o País melhore a sua classificação de risco, o diretor-gerente do IIF, Charles Dallara, ressaltou que não se espera mudança na política econômica brasileira, mesmo com as eleições deste ano. Ele elogiou a condução da economia pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. "Mas as políticas e instituições são mais importantes que qualquer indivíduo", destacou.

REFORMAS Setubal comentou sobre a troca de Palocci por Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Disse que "está bastante claro que a política econômica vai continuar a mesma". Os economistas defenderam reformas nas áreas fiscal, tributária, previdenciária e trabalhista.

Apesar de acreditar que o Brasil está em um círculo virtuoso, Jaspersen alerta que, diante de países que estão mudando e crescendo rapidamente, como China e Índia, "quem não andar para frente na realidade vai andar para trás".

Dallara observou que a maior parte do fluxo de investimento estrangeiro no Brasil é investimento direto em produção, de longo prazo, e decidido por investidores que conhecem os riscos mas vêem também oportunidades.