Título: Blindar fundo de pensão, a missão de Sérgio Darcy
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, decidiu colocar o técnico de carreira do BC, Sérgio Darcy, no comando do Conselho Deliberativo da Fundação Centrus, o fundo de pensão dos funcionários do BC. O objetivo é fazer mudanças na gestão e blindar o comando das tentativas de partidarização do fundo de pensão.

A Secretaria de Previdência Complementar (SPC) já aplicou autos de infração à Centrus por ter feito pelo menos 197 operações no mercado de opções sem observar parâmetros em relação aos preços pelos quais estava realizando operações no mercado financeiro. As infrações foram aplicadas em 2004, ano em que o fundo também perdeu cerca de R$ 36 milhões em aplicações no Banco de Santos, em processo de falência. Nos dois casos, os dirigentes do fundo apresentaram recurso e ainda aguardam um decisão final.

Apesar desses problemas, a fundação apresenta excelente situação financeira. Segundo um dirigente, o Centrus poderia pagar todos os seus participantes num período de 115 anos e ainda ficaria com R$ 2,8 bilhões. Antes de 1999, a entidade, ainda de acordo com esse dirigente, trabalhava com déficit de R$ 190 milhões em suas contas. O bom desempenho é atribuído ao rendimento proporcionado pela valorização de ações que fazem parte do portfólio da Centrus.

Na operação de troca de ações entre a AmBev e a Interbrew, o fundo conseguiu obter grandes ganhos. "Outra ação que valorizou muito foi a da Belgo-Mineira." Nesse contexto, a rentabilidade do fundo chegou a bater nos 19,4% em todo o ano passado e o patrimônio chegou aos R$ 7,8 bilhões. "Em 1999, o patrimônio ainda estava em R$ 3,9 bilhões", disse uma fonte com o objetivo de contestar as críticas de má administração da diretoria atual.

Segundo esse dirigente, as penalidades aplicadas pela Secretaria de Previdência Complementar tiveram o objetivo de desqualificar a gestão atual para abrir a possibilidade de o governo partidarizar a gestão do fundo de pensão. A ida de Sérgio Darcy para a presidência do Conselho Deliberativo da entidade está sendo considerada uma forma de proteger o fundo contra ingerências políticas.