Título: Acusados festejam adiamento
Autor: Vera Rosa, Wilson Tosta e Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2006, Nacional, p. A4

Acusados de terem se beneficiado do mensalão, mas absolvidos pela Câmara, os deputados José Mentor e Professor Luizinho, ambos do PT, estão agora muito perto também de se livrar de sanções internas. Eles tinham razões de sobra para exibir a tranqüilidade e até mesmo o discurso eufórico, ontem, quando deixaram juntos o 13º Encontro Nacional do PT, em São Paulo. Afinal, seus colegas de agremiação haviam acabado de anunciar decisão no sentido de apurar as "responsabilidades relativas à crise vivida no ano de 2005".

A investigação, no entanto, além de ficar para depois das eleições de outubro não deverá lhes causar nenhuma espécie de contratempo.

Professor Luizinho declarou sua gratidão ao PT. "O meu partido me prestou profunda solidariedade aqui, nunca senti tanta solidariedade concentrada como senti aqui neste encontro", afirmou. A seu lado, Mentor esnobou: "É a mesma posição do PT até agora, não há nenhuma novidade. Esta decisão é a mesma que a executiva do PT e o Diretório Nacional já tinham tomado."

A alegria de Luizinho e de Mentor tinha razão de ser, porque o deputado Ricardo Berzoini, presidente do partido, logo tratou de confirmar. "Não se trata de apuração de responsabilidades individuais", acentuou Berzoini. "Absolutamente, (a decisão do partido) não preocupa", reiterou José Mentor. "Vou repetir a mesma coisa dez vezes. É a mesma posição, tá bom? Não tem novidade nenhuma."

Professor Luizinho endossou o parceiro de agremiação. "Essa decisão é a mesma que já estava conduzida, deliberada e encaminhada. Inclusive já teve a investigação, já tem o relatório até quase pronto. O que o 13º Encontro Nacional fez foi referendar aquela decisão e propor o término dela, só isso. Essa é uma decisão do meu partido que eu sempre respeito. Só vai dar continuidade e conclusão a algo que já estava deliberado."

INOCÊNCIA

"Eu sou inocente, já provei minha inocência", enfatizou Professor Luizinho. "Eu preciso que essa inocência seja consolidada na Justiça, porque acabou a luta política, não é?"

Ele avalia que "acabou a baixaria, agora é a hora das provas, vai acabar o justiçamento, a perseguição". E reiterou: "Sou inocente, as provas todas me inocentam. Portanto, estou tranqüilo com o meu partido e com a minha consciência."