Título: Derrota anima facção radical
Autor: Vera Rosa, Wilson Tosta e Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2006, Nacional, p. A5

Em uma reunião marcada por acordos que driblaram as controvérsias do PT do passado, os representantes do grupo trotskista O Trabalho, no 13º Encontro Nacional da legenda, destacaram-se como os seus últimos radicais. Mesmo com somente 17 delegados - 1,59% dos 1.068 credenciados -, a facção protagonizou a única votação da reunião que lembrou o velho petismo, a da emenda pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce. A proposição foi derrotada, mas só por 53 votos, o que animou Markus Sokol, dirigente da tendência que se declarou "agradavelmente surpreso" com o placar de 358 a 305.

"Não somos os últimos dos moicanos. A votação de ontem mostrou que os moicanos são um pouco mais", disse ele, que foi fundador do PT.

"O monstro saiu da lagoa", brincou. "Achavam que iam para casa ver novela e levaram um susto." Na votação da Vale, no sábado, quando o plenário estava esvaziado, a proposta teve apoio de outros grupos da esquerda petista.

O Trabalho também foi derrotado em outras questões, como a estatização da Varig, mas, para Sokol, o resultado geral do encontro deixou esperança. "A gente sai daqui reforçado no ânimo de que as bases do partido têm que assumir algumas bandeiras." Mesmo sistematicamente esmagado em votações do PT - e ainda mais isolado depois da saída de outros radicais do petismo - O Trabalho diz que não se sente constrangido.

"O PT não é contra as nossas convicções", afirmou Sokol. Ele reconheceu que o partido trata a facção "de maneira respeitosa" e declarou que a tendência permanece na agremiação por considerar que o PT "é o partido que os trabalhadores criaram e reconhecem como o seu". "Enquanto tivermos espaço, será um crime abandoná-lo", disse Sokol.