Título: Como FHC, tucano come buchada de bode
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2006, Nacional, p. A8

Em plena campanha para se tornar mais conhecido no Nordeste e tentar apagar a imagem de picolé de chuchu, o pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, repetiu a estratégia do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, quando candidato à reeleição. Na mesma cidade visitada por FHC, Monteiro, no sertão do Cariri, a 263 quilômetros de João Pessoa, ele comeu buchada de bode com pirão, ao som de repentistas que lhe fizeram loas em verso, chamando-o de futuro presidente.

Também afagou um jumento, todo enfeitado, que iria abrir a final da sexta corrida de jegue em Zabelê, município de menos de dois mil habitantes, a 20 quilômetros de Monteiro, e assistiu a uma apresentação de reisado - folguedo popular e religioso - na nave da igreja Nossa Senhora das Dores, padroeira do local. O pré-candidato chegou a Zabelê sob chuva, depois de quatro dias de estiagem na área e considerou o fato um "bom presságio".

Devido à chuva, Alckmin não pôde esperar para ver a disputa dos jegues - prêmio de R$ 3 mil para o vencedor -, pois tinha de pegar o avião de volta para Campina Grande, onde encontrou com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) no aeroporto e seguiu para Juazeiro do Norte, no Ceará.

Na intensa programação de menos de 24 horas na Paraíba, Alckmin recebeu declaração de voto do vocalista da banda baiana Chiclete com Banana, Bell Marques, em nome do grupo, durante o Micarande - carnaval fora de época. Bell deu uma pausa na música para dizer "Alckmin, estamos com você; é bom ter um dirigente à altura do País". Em retribuição ao seu mais novo cabo eleitoral, Alckmin afirmou ser "chicleteiro com muita alegria".

Ao lado do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Alckmin mantinha o jeito contido e deu tom de seriedade à comemoração dos correligionários, que garantiam que Bell Marques nunca tinha assumido seu voto daquela forma.

Ontem, o pré-candidato foi apresentado por Cunha Lima a deputados, vereadores e prefeitos da região da Borborema e visitou o bispo diocesano dom Jaime Vieira da Rocha antes de pegar o avião para o Cariri. "A visita foi muito proveitosa", avaliou, depois de enumerar algumas medidas necessárias para o semi-árido, como ênfase na saúde, criação de emprego, apoio ao pequeno agricultor e ao microempresário, sempre reafirmando que ninguém deve esperar mágicas para promover o desenvolvimento e reduzir as diferenças sociais.