Título: EUA rechaçam última oferta do Irã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2006, Internacional, p. A16

Os Estados Unidos rejeitaram ontem a proposta feita sábado pelo Irã de permitir a inspeção de suas instalações nucleares pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) desde que as Nações Unidas desistam do plano de aplicar sanções ao país. "A iniciativa iraniana é inaceitável", disse a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, reiterando: "O regime iraniano deve suspender imediatamente as atividades de produção de urânio enriquecido (matéria-prima para gerar energia e também fazer a bomba atômica)."

Em entrevista à rede de televisão ABC, Condoleezza deixou claro que o governo americano vai continuar fazendo pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU para que adote punições diplomáticas e econômicas contra aquele país. "O Irã teve tempo suficiente para cooperar e poder resolver o caso nuclear de forma pacífica", acrescentou a chefe da diplomacia americana. "Acho que eles (o governo iraniano) estão empenhados num jogo", acrescentou ela, insistindo na disposição da Casa Branca de frear a corrida nuclear iraniana.

Os Estados Unidos e a União Européia suspeitam de que o regime iraniano desenvolve um programa atômico com o propósito de fabricar armas. Os europeus favorecem uma saída política para a questão. Já os americanos propõem um "jogo duro", com medidas drásticas que não excluem até o recurso a armas atômicas para levar o Irã a reconsiderar seu projeto.

O governo iraniano contra-argumenta, ressaltando seu direito de fabricar combustível nuclear (urânio enriquecido) para alimentar suas centrais de energia elétrica. "Não vamos interromper um programa pacífico", reafirmou o presidente Mahmud Ahmadinejad.

Para os EUA, o Irã, rico em petróleo e gás, não precisa de energia nuclear. O programa secreto descoberto em 2003 tampouco ajudou a acabar com as suspeitas.

O Conselho de Segurança da ONU tinha fixado a sexta-feira como data-limite para que o país suspendesse seu programa de produção de combustível nuclear. A resposta veio no sábado com a proposta de permitir as inspeções da AIEA em troca da não aplicação de sanções.

Para Condoleezza, a proposta sugere que o regime iraniano está preocupado com as ações que a ONU poderia adotar. Segundo ela, a Casa Branca vai empenhar-se na aprovação pelo Conselho de Segurança de uma resolução que exija do Irã a paralisação da fabricação de urânio enriquecido. A estratégia dos EUA em caso do não cumprimento da resolução pelos iranianos é recorrer ao artigo 7 da Carta da ONU. Ele prevê penalidades ou ações militares para quem descumprir resoluções do Conselho de Segurança."Além disso, nós (os EUA) também temos opções", advertiu Condoleezza.