Título: Delegado avalia hipótese de reconvocar ex-ministro
Autor: João Domingos, Rosa Costa, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2006, Nacional, p. A4

O delegado Rodrigo Carneiro Gomes, encarregado do inquérito da Polícia Federal que investiga a violação de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, avalia a possibilidade de convocar o ex-ministro Antônio Palocci para prestar novo depoimento. Mas a hipótese de acareação entre Palocci e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso está descartada.

A PF entende que no primeiro depoimento, tomado em sigilo anteontem, Palocci tentou proteger seu assessor Marcelo Netto - principal suspeito de ter repassado o extrato do caseiro para a revista Época - e deixou alguns pontos obscuros que precisam ser esclarecidos.

Ontem, Gomes deu uma pausa nas diligências e interrogatórios para fazer o balanço do que já apurou e começar o fechamento do relatório.

Até agora, foram produzidas mais de 300 páginas com as investigações. Algumas dúvidas persistem, sobretudo em relação à origem da informação que levou Palocci a desencadear uma devassa na vida financeira do caseiro, com emprego do aparato fiscal e policial do governo.

A polícia abriu inquérito para investigar a violação do sigilo do caseiro e também a movimentação "atípica" de dinheiro em sua conta, notificada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda.

A única certeza, para a PF, é que o ex-ministro, demitido em razão do escândalo, foi o mandante da violação do sigilo, e o presidente da Caixa, seu subordinado hierárquico, cúmplice confesso do crime. Foi ele quem determinou a subordinados que violassem o sigilo de Nildo e retirassem o extrato de sua conta, em 16 de março.

Gomes considera que os depoimentos de Mattoso e de Palocci são complementares, e não conflitantes. Por isso, descarta a possibilidade de acareação. Ele também não está convencido da necessidade e utilidade de convocar para depor a jornalista Helena Chagas, diretora da sucursal do jornal O Globo em Brasília.