Título: Promotor temia fuga de Suzane
Autor: Rita Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Metrópole, p. C3

Roberto Tardelli diz que jovem pediu cidadania alemã e citou caso do banqueiro Cacciola, que hoje vive na Itália

O Ministério Público Estadual (MPE) divulgou ontem mais um motivo para ter pedido a prisão preventiva de Suzane von Richthofen. "Soubemos que ela tentou tirar a cidadania alemã", disse o promotor Roberto Tardelli. O medo dele era de que se repetisse o mesmo que ocorreu com o banqueiro Salvatore Cacciola, do Banco Marka. Para não ser preso por crime contra o sistema financeiro, Cacciola fugiu para a Itália, aproveitando-se da cidadania italiana.

"Havia probabilidade de que ela fugisse depois que sua situação piorou de forma considerável com a entrevista", disse Tardelli. Ele se referia à entrevista concedida por Suzane ao Fantástico, da Rede Globo, na qual ela fingiu chorar, orientada por advogados. "Desmontada a farsa, a fuga era a única alternativa. Se ela fosse para a Alemanha, eu nunca mais a veria."

Suzane requereu a cidadania porque o pai, Manfred von Richthofen, era de origem alemã. Na Alemanha, a cidadania é obtida por meio do chamado direito de sangue, ou seja, pela ascendência da pessoa.

O promotor voltou a afirmar que Suzane poderia tentar matar o irmão, Andreas, para ficar com a herança dos pais. Esse foi o primeiro argumento usado por Tardelli para que a Justiça decretasse a prisão da acusada. "Para quem assassinou os pais, matar o irmão é troco."

De acordo com Tardelli, a jovem sentia-se roubada pelo irmão e chegou a apresentar uma petição do processo sobre a herança dizendo-se a "única e legítima herdeira" dos pais. Toda a disputa entre os irmãos ocorre no processo de inventário dos bens dos Richthofen. O patrimônio em disputa é avaliado em R$ 2 milhões. Andreas é o responsável pelo inventário desde que completou 18 anos. Suzane quer destituí-lo e o acusa de se apropriar do que lhe pertence. "Ela sentia-se roubada pelos pais. Agora é o irmão que se tornou obstáculo."

Entre os bens que Suzane reclama estão um Gol e um apartamento na Rua Damasceno Vieira, no Campo Belo, zona sul. Também pediu que lhe fosse concedida uma pensão de 7 salários mínimos. "Ela matou os pais e queria continuar recebendo mesada." Por fim, a morte de Andreas teria outra conseqüência: o fim do processo que ele move para que Suzane seja tirada da relação de herdeiros.