Título: Brasil discute, no Japão, últimos pontos da TV digital
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B20

Ministros buscam o compromisso dos japoneses de investir em uma fábrica de chips

A delegação de ministros brasileiros trabalha para consolidar, com o governo local, a proposta do Japão para que seu sistema seja adotado na TV digital brasileira. Faltam poucos pontos. O principal é um compromisso concreto de investimentos na área de semicondutores no Brasil. "Construir um ecossistema de microeletrônica no País é um condicionante forte", afirmou Jairo Klepacz, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A agenda oficial começa hoje na capital japonesa.

A comitiva é formada pelos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Hélio Costa (Comunicações). Até ontem à noite, Costa não tinha chegado ao Japão.

Também participam Klepacz, André Barbosa Filho (Casa Civil), Augusto Gadelha (Ciência e Tecnologia), Roberto Pinto Martins (Comunicações) e Edmundo Machado de Oliveira (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). Os dois últimos chegariam hoje.

O embaixador do Brasil em Tóquio, André Amado, disse que não está prevista, durante a visita, a assinatura de nenhum documento pelos países. "Mas não quer dizer que não acontecerá", completou.

O ministro Celso Amorim afirmou que o objetivo é negociar: "Muitas coisas já foram entendidas, e agora precisam ser fixadas de forma mais clara". A idéia é consolidar tudo o que foi conversado sobre o tema nos últimos meses.

É consenso hoje no governo que os japoneses, com seu sistema ISDB, apresentaram as melhores propostas para a TV digital. Ainda é preciso colocar tudo o que foi falado num documento, o que, se tudo correr bem, deve acontecer por aqui.

Sobre a Europa, com seu sistema DVB, a avaliação é que os esforços não foram tão bem coordenados. Numa reunião em Brasília, um representante da fabricante européia de semicondutores ST Microelectronics chegou a falar que, para ele, não importava qual padrão o Brasil iria adotar, pois era capaz de fazer chips para todos.

Os americanos, com seu ATSC, não conseguiram incluir um fabricante de semicondutores na sua proposta.