Título: Interrupção afeta abastecimento no Chile Ministro afasta ameaça de racionamento
Autor: Teresa Navarro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Rondeau está otimista quanto à normalização do fornecimento de gás

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que está "muito otimista" quanto ao rápido restabelecimento do fornecimento de gás natural da Bolívia. Com isso, fica afastado o risco de desabastecimento do produto para residências e veículos movidos a gás natural veicular (GNV) no País. O fornecimento foi parcialmente interrompido, semana passada, por causa do rompimento de um duto na Província do Gran Chaco, na Bolívia. A interrupção, até agora, não afetou o fornecimento às distribuidoras, que atendem os consumidores finais.

Rondeau disse ter recebido relatórios informais das equipes de trabalho confirmando a previsão dele de que os reparos serão concluídos amanhã. O duto é de condensado, líquido extraído junto com o gás natural. O rompimento atrapalha o escoamento do condensado, reduzindo a produção de gás.

Equipes da Petrobrás e da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) estão fazendo um desvio do trecho de 800 metros do duto que está danificado para um outro duto paralelo, que não era usado, para o transporte do condensado.

O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, que participou ontem de audiência pública no Senado, confirmou que as probabilidades "são muito favoráveis" de que o racionamento de gás natural vindo da Bolívia não tenha "nenhum efeito" sobre o consumidor final. Mas admitiu que, do ponto de vista técnico, o racionamento pode existir.

A queda no fornecimento reduziu em 72% o abastecimento de gás para usinas termoelétricas. A suspensão desse racionamento, disse Gabrielli, ainda depende de soluções técnicas. "Esse é um problema que vamos ver depois, porque não sei qual a capacidade que nós temos." Ele disse também que a redução de 51% da utilização do gás nas refinarias da Petrobrás não terá efeito no mercado, apenas um custo financeiro para a estatal, custo que ele não soube precisar. "Para fora da Petrobrás, os efeitos serão praticamente nulos."

APOIO Rondeau reafirmou que o Brasil vem recebendo apoio "irrestrito" do governo da Bolívia para solucionar o problema do duto. Apesar das manifestações no país pela nacionalização das reservas de gás e petróleo, Rondeau disse que não vê um ambiente de hostilidade dos bolivianos.

Na próxima semana, afirmou, provavelmente virá ao Brasil uma missão técnica do governo da Bolívia para conversar com a Petrobrás sobre o contrato de fornecimento de gás ao Brasil e sobre as instalações de refino mantidas pela estatal naquele país.

Gabrielli, por sua vez, confirmou que foram retomadas as negociações com o governo da Bolívia sobre a exploração, pela empresa, de reservas de gás natural daquele país. Mas, destacou, foi fechado um acordo de "confidencialidade" entre as partes e, por isso, não poderia revelar detalhes a respeito.

O presidente da Petrobrás também reconheceu que, levando-se em conta as reservas nacionais, o Brasil não pode dispensar o gás natural que compra da Bolívia. Segundo ele, o Brasil só procuraria uma alternativa ao gás boliviano se houvesse uma "crise incontornável". Como exemplo, ele disse que se a situação ficasse muito grave o Brasil teria de partir para outra alternativa, como comprar gás natural liquefeito (GNL) produzido no Catar, opção considerada muito cara.