Título: Gabrielli justifica despesas com campanha
Autor: Teresa Navarro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Presidente da Petrobrás diz que estatal precisa investir na valorização da marca

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, passou boa parte da audiência pública realizada ontem pelas comissões de Educação e Infra-Estrutura do Senado justificando os gastos publicitários da estatal e rebatendo as acusações da oposição de que a campanha publicitária para comemorar a auto-suficiência em petróleo teria caráter eleitoreiro. "Atingir a auto-suficiência não é um simples fato operacional, é um fato histórico. Estamos fazendo uma campanha institucional sobre o orgulho de se atingir a auto-suficiência, que garante, em um horizonte visível, o abastecimento da população", disse Gabrielli, em resposta ao senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA).

Tanto Tourinho quanto os senadores José Jorge (PFL-PE) e César Borges (PFL-BA) afirmaram durante a audiência que a auto-suficiência não é simplesmente uma conquista do atual governo, mas da soma de esforços de governos anteriores. "A grande responsável pela auto-suficiência foi a quebra do monopólio do petróleo (no governo Fernando Henrique Cardoso)", disse Tourinho, que foi ministro de Minas e Energia no governo passado. O senador José Jorge, que também esteve à frente do Ministério no governo tucano, ressaltou que a conquista da auto-suficiência entre 2005 e 2006 "já estava prevista".

A Petrobrás diz que ainda não tem uma data marcada para fazer o anúncio da auto-suficiência, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ter dito, durante discurso em Camaçari (BA), que a solenidade seria no próximo dia 21 (no feriado de Tiradentes).

Conforme o próprio Gabrielli explicou, a auto-suficiência em petróleo será alcançada com a entrada em operação da plataforma P-50, na Bacia de Campos. Com mais essa unidade, a produção aumentará em 180 mil barris diários e alcançará em 2006 a média de 1,91 milhão de barris diários, superando a média estimada para a demanda, entre 1,85 milhão e 1,9 milhão de barris por dia.

Acontece que o início das atividades da P-50 depende do cumprimento, pela Petrobrás, de exigência feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo explicou o diretor de licenciamento da instituição, Luiz Felippe Kunz, já há um parecer técnico favorável à liberação da licença de operação da P-50. O documento só não saiu ainda, disse o diretor do Ibama, porque a Petrobrás não encaminhou ao órgão um termo no qual se compromete a pagar as compensações ambientais pelo impacto da obra.

Na audiência pública de ontem, Gabrielli, não informou quanto será gasto na campanha, mas defendeu os gastos gerais da empresa com publicidade, criticados pelos senadores de oposição. Segundo ele, a Petrobras tem cerca de 60% de suas ações nas mãos de investidores privados e que, portanto, precisa investir na valorização de sua marca.