Título: Gás já subiu para as distribuidoras
Autor: Teresa Navarro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Diretor da Petrobrás confirma que aumento foi em torno de 6,5% e está em vigor desde o início de abril

O gás natural vendido pela Petrobrás às distribuidoras está mais caro desde o início deste mês. A estatal ainda não divulgou o percentual exato, mas o diretor de Gás e Energia da companhia, Ildo Sauer, diz que a estimativa do mercado, de aumento em torno de 6,5%, está correta. "Existe uma pequena diferença para cada Estado, mas o porcentual é mais ou menos esse", afirmou. Ele lembrou que as distribuidoras têm acesso às informações que compõem o preço.

Segundo o contrato firmado com a Bolívia e com as distribuidoras, o preço do gás natural será reajustado trimestralmente com base na variação nos últimos seis meses de uma cesta de óleos. A maioria das distribuidoras acompanha essa oscilação por meio da tabela internacional Platt's.

Sauer confirma que o aumento do produto ficará próximo de 10% e que não haverá reajuste sobre o preço do transporte, resultando nos 6,5% já divulgados. Hoje o gás natural chega às distribuidoras por US$ 4,93 por milhão de BTU, US$ 1,70 relativo ao transporte. Com o reajuste, o gás passaria a custar US$ 5,25 por milhão de BTU, incluindo o transporte, para as distribuidoras . Para o consumidor final de São Paulo, o aumento de preço só chegará em maio, quando a agência reguladora do setor no Estado, a Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE) fixará a tarifa para a Comgás e a Gas Natural São Paulo Sul.

A estimativa do comissário chefe da CSPE, Zevi Kann, é que o repasse ao consumidor será pequeno, uma vez que as duas empresas já tiveram antecipações em janeiro, reajuste que variou de 7% para a classe residencial até 17,9% para a indústria - foram repassados os três aumentos praticados pela Petrobrás desde setembro do ano passado. Em maio, a CSPE só terá de repassar o reajuste de 6,5% da Petrobrás e a variação do IGP-M, que deverá ficar pouco acima de 1%. Dependendo do comportamento do câmbio neste mês, o reajuste ao consumidor paulista pode ficar próximo de zero.

ESTRATÉGIA A política de preços adotada em setembro pela Petrobrás contraria a estratégia anterior de subsidiar o combustível. Desde 2003, a estatal mantinha os preços congelados para estimular o consumo de gás natural, na época inferior a 10 milhões de metros cúbicos diários. Pelo contrato, do tipo "take or pay", a Petrobrás tinha que pagar por 24 milhões de metros cúbicos/dia.

"Na ocasião, o mercado precisava de estímulo. Hoje, com crescimento de quase 15% ao ano, fica claro que não há mais essa necessidade", afirma o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli.

Os aumentos de preços, com o tempo, podem até diminuir o ritmo de expansão da demanda e os riscos de escassez do produto. No Plano Decenal da empresa, a projeção para crescimento do mercado de gás até 2015 é de 11% ao ano.