Título: Dólar alcançou fundo do poço, diz Mantega a empresário
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

Em reunião com o presidente da Abimaq, ministro afirma que há sinais de revalorização da moeda americana

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou ontem que a valorização do real em relação ao dólar já chegou ao fundo do poço e os sinais indicam um movimento de revalorização da moeda americana. A declaração do ministro foi feita ao presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello.

Segundo Mello, que se reuniu com Mantega no Ministério da Fazenda, o ministro disse que as negociações na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) apontam para a interrupção da queda do dólar.

"Ele (Mantega) disse que tem a sensação de que deveremos ser otimistas em relação ao câmbio. O fundo do poço já foi alcançado e que já há sinais que indicam que certamente alguma revalorização do dólar deverá ocorrer", contou Mello.

O dirigente da Abimaq afirmou que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, também fez a mesma avaliação. "Um maior volume de importação já está ocorrendo e já não há tanta gente vendendo dólar futuro", disse o presidente da entidade. Mantega teria dito ainda, de acordo com o relato de Mello, que "certamente" a cotação mais justa do dólar deveria ser maior do que a atual. "O ministro atribuiu a uma inércia o dólar ter ido ao fundo do poço e agora começa a retroceder", disse ele.

Mantega, continuou Mello, não fez previsões sobre o patamar que considera justo para a taxa de câmbio, mas reafirmou a política de câmbio flutuante sem intervenções do governo.

"O ministro disse que o câmbio é livre e não há como intervir no mercado, pois esse é um dos postulados irredutíveis da política econômica", disse Mello. O empresário reclamou que o câmbio valorizado tem prejudicado as decisões de novos investimentos pelas dificuldades de previsão de lucratividade.

"Os grandes projetos industriais foram estudados na época que o câmbio estava a R$ 3,00", disse o presidente da Abimaq.