Título: Brasileiros perdem disputa nas eleições italianas
Autor: Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Internacional, p. A19

Nenhum candidato do País é eleito; argentinos ficam com as duas cadeiras sul-americanas no Senado

Os senadores eleitos pelos italianos no exterior deram a vitória à aliança centro-esquerdista de Romano Prodi no Senado. Os italianos residentes fora do país puderam eleger 6 senadores e 12 deputados. No colégio eleitoral da América do Sul, apesar da expectativa dos brasileiros, os dois senadores eleitos foram da Argentina, que também elegeu dois deputados. A terceira vaga da Câmara dos Deputados na região foi preenchida por uma candidata da Venezuela.

Edoardo Pollastri, da lista União, foi o candidato brasileiro ao Senado mais votado. Com 18.376 votos, ele ficou apenas 130 votos atrás da argentina Mirella Giai, da mesma legenda. Apesar de quatro urnas ainda não terem sido apuradas até o final da noite de ontem, o comitê de Pollastri reconheceu a derrota e felicitou Giai.

Em Buenos Aires, a emissora italiana RAI ouviu Luigi Pallaro, eleito como independente. Pallaro reconheceu ter sido cercado por representantes das duas coalizões, mas até agora só manteve conversações mais longas com dirigentes da União. Pallaro disse que está de passagem marcada para Roma, onde pretende ouvir também outras forças políticas antes de decidir sua filiação.

Diante de líderes da Força Itália e da União, Enrico La Loggia e Piero Fassino, ambos nos estúdios da TV, Pallaro defendeu os eleitores da América Latina: "Nossos parentes vieram para a América Latina no século 19, quando a Itália ainda não existia. Hoje, mesmo morando longe do país, eles não devem nada aos romanos, florentinos ou milaneses." Indagado se estava consciente de que teria de mudar para a Itália, pois seu voto seria decisivo para qualquer uma das maiorias no Senado, ele prometeu que não será um senador ausente.

Os dirigentes políticos italianos no estúdio da RAI manifestaram surpresa com os resultados no exterior, pois imaginavam que os emigrantes fossem conservadores, o que é comum nas colônias estrangeiras. Tanto que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi levantou dúvidas sobre o resultado no exterior. Dos seis senadores eleitos, quatro são da União.