Título: Para eleitor, pobreza, violência e saúde pioraram
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. A12

Indicadores influenciaram aumento da avaliação negativa, que passou de 21,4% para 24,1%

Uma luz verde acendeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 39,2% dos eleitores brasileiros acham que a educação melhorou (29,5% opinam que piorou). E três luzes vermelhas o alertam - 42,5% dos eleitores pensam que a saúde piorou (para 24,3%, melhorou); 55,8% dizem que a pobreza piorou (melhorou para 15,9%) e 79,7% consideram que a violência piorou (para 5,5%, melhorou). Estes são números da pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem.

As luzes vermelhas certamente influenciaram um aumento da avaliação negativa do governo, de 21,4%, em fevereiro, para 24,1%, agora, a 2ª pior marca desde março de 2003, quando o governo Lula começou a ser mensurado. Para 9,6% dos eleitores brasileiros, o governo é "ruim" (8,3% em fevereiro) e para 14,5% (13,1% em fevereiro) é "péssimo".

No outro prato da balança, a avaliação positiva se manteve estável (37,6% de ótimo/bom): 9% dos eleitores acharam que o governo Lula é "ótimo" (8,5% em fevereiro) e 28,6% (29%), que é "bom". A aprovação do presidente Lula também ficou estável (53,6% agora e 53,3% em fevereiro), mas é a 3ª pior desde o início do governo; a desaprovação não mudou - 37,6% agora e 38% em fevereiro.

Para Ricardo Guedes, o descompasso entre a estabilização da avaliação do governo e a queda das preferências eleitorais em Lula se explicam. Para o eleitor, a boa condução da economia favorece a manutenção da avaliação mas as novas denúncias, na área política, penalizam a expectativa eleitoral de Lula.

MAIS CORRUPÇÃO

A maioria do eleitorado diz que a corrupção aumentou no governo Lula (50,6%), enquanto 34,3% dos eleitores acham que ela "ficou como sempre esteve" e 10% pensam que ela diminuiu. Apesar da longa e custosa jornada das CPIs que apuraram as denúncias de corrupção, os eleitores não ficaram satisfeitos com os resultados alcançados, certamente em função do grande número de deputados absolvidos: apenas 20,1% se dizem "contentes" com o fim das investigações e 62,8% afirmam que "não estão contentes".

34,2% dos eleitores acompanharam a denúncia do caseiro Francenildo dos Santos Costa; 25,8% ouviram falar e 37,3% não acompanharam ou não ouviram falar. Dos que acompanharam, 62,1% pensam que a quebra de sigilo do caseiro foi negativa para a reeleição de Lula; para 26,8%, "não foi negativa". Mas 60,3% dos brasileiros souberam da "dança da pizza" que a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) encenou no plenário da Câmara.